Um evento high-tech em Madri, com Cristiano Ronaldo como grande protagonista, serviu para a Nike apresentar o novo modelo da Mercurial, chuteira que tem o atacante português do Real Madrid como principal garoto-propaganda. E, assim como já havia feito no lançamento da Magista, no mês passado, a Nike voltou a apostar no modelo com o cano alto.
“Quando os olhos do mundo estão em você, você tem que entregar o seu melhor. Na Nike, nós vivemos para esses momentos”, afirmou Trevor Edwards, presidente da empresa, no discurso que marcou a apresentação da chuteira.
Para o atacante Cristiano Ronaldo, o modelo manteve a liberdade de movimentos e ajudou na velocidade. A inovação do cano alto, na visão do atleta, só tem um benefício.
“Ela protege mais o tornozelo, nos deixa mais protegidos para tomarmos umas porradas. Mas não interfere muito para jogar. É mais como uma extensão da chuteira, não muda muita coisa”, disse o português, que desfilou para cerca de 400 jornalistas de todo o mundo e executivos da Nike num palácio em Madri.
A chuteira com o cano alto é a grande aposta da Nike para ganhar espaço na mente do consumidor para a Copa do Mundo. Disponível em cores preta e vermelha, a Mercurial tende a chamar bastante a atenção da pessoa quando vista do campo e, principalmente, pela televisão. O desenho é muito similar ao da Magista, lançada em março, que tem o espanhol Iniesta como principal garoto-propaganda (no Brasil, David Luiz usará o modelo).
A chuteira de cano alto é a primeira grande inovação tecnológica do mercado de calçados no futebol desde 1998, quando a mesma Nike passou a apostar nos modelos coloridos. Naquela ocasião, a Mercurial, usada pelo atacante Ronaldo, foi confeccionada na cor prateada. A partir daquela Copa, as marcas passaram a investir em cores vibrantes para as chuteiras.
Historicamente, as Copas do Mundo marcam as inovações nos lançamentos de chuteiras. Em 1954, Adolf Dassler, um sapateiro alemão, criou um modelo com travas removíveis para os atletas. Assim, eles poderiam mudar o tipo de solado do calçado conforme a condição do gramado. As chuteiras foram usadas pela seleção alemã, que ganhou a final contra a Hungria num gramado completamente encharcado e enlameado por conta da chuva. Após essa criação, Dassler assistiu ao grande salto de sua empresa de materiais esportivos, a Adidas.
Depois disso, as marcas começaram a ver nas Copas do Mundo a grande vitrine para o lançamento de novos produtos. Foi com as chuteiras, aliás, que a Nike começou a ganhar espaço no esporte. Em 1994, a marca produziu alguns modelos às pressas para o Mundial nos Estados Unidos. Depois daquele ano, decidiu iniciar investimentos no mercado de futebol, que hoje está próximo de faturar US$ 2 bilhões ao ano, segundo Trevor Edwards.
* O repórter viaja a convite da Nike