No Mundial, Inter valoriza rivalidade como receita

Inter se prepara para estreia no Mundial, na terça, contra o Mazembe

Inter se prepara para estreia no Mundial, na terça, contra o Mazembe

Nenhum gremista fanático comemorou o título do Internacional na Copa Santander Libertadores deste ano ou está animado com a possibilidade de o time colorado ser campeão mundial pela segunda vez na história – a primeira aconteceu em 2006. Mas não faltam motivos para os torcedores tricolores ficarem animados com o sucesso rival. Em diferentes partes do Brasil, dirigentes de clubes são un”nimes ao exaltar a rivalidade como importante fonte de receita.

O caso do Rio Grande do Sul é exemplar. O Internacional ganhou duas edições da Libertadores nos últimos cinco anos (2006 e 2010), venceu o Mundial e disputará novamente o torneio neste ano. A estreia da equipe comandada por Celso Roth no torneio de Abu Dhabi acontecerá nesta terça-feira, às 14h (de Brasília), contra o Mazembe.

“É claro que isso valorizou o mercado. Estamos falando de um mercado menor do que São Paulo, por exemplo, mas que tem conseguido resultados expressivos nos últimos anos”, apontou César Pacheco, vice-presidente de marketing do Grêmio.

O dirigente do maior adversário do Internacional foi enfático ao dizer que a rivalidade é um importante atributo para os dois clubes: “Um só existe por causa do outro. Se eles não ganharem, é claro que será muito bom para nós. Mas não vai ser nada ruim se eles ganharem. Vai mostrar a força do Estado”.

O sucesso do Internacional é bom para o Grêmio, em um primeiro momento, porque eleva o nível de exigência e cobrança sobre o clube tricolor. Mas também influencia diretamente nas receitas do rival porque alguns contratos de patrocínio, como Banrisul (cota máster), Unimed (calções) e Tramontina (mangas) são negociados em conjunto.

Essas empresas servem como exemplo de companhias que evitam investimento em apenas um clube quando decidem patrocinar equipes de regiões bipolarizadas no futebol. Temendo rejeição da torcida rival, as marcas tentam acordos com os dois rivais. E se um deles está em alta por causa de títulos como a Libertadores ou o Mundial, a tendência é que ambos passem a receber mais.

Outro exemplo do quanto o sucesso de um rival influencia nas receitas é o caso de Santa Catarina. O Figueirense foi promovido à elite do Campeonato Brasileiro, e no ano que vem terá um embate contra o rival Avaí. Com isso, insuflou a expectativa de faturamento do adversário, que terá ao menos dois clássicos regionais durante o torneio nacional.

“Sou levado a crer que a quantidade de clássicos gera movimento financeiro equivalente a uma nova empresa. Estamos condicionados a esse consumo e, com o clássico, crescem também as campanhas publicitárias, venda de licenciados e uniformes”, ponderou Sidnei Luiz Speckart, assessor de marketing do Avaí.

A realidade oposta também ilustra o quanto a rivalidade influencia diretamente no faturamento dos clubes. O Bahia, que também ascendeu à Série A do Brasileiro, não encontrará o rival Vitória, que foi rebaixado.

“[O rebaixamento do Vitória] não foi bom para nós porque nós perdemos um importante par”metro. Muitas coisas boas que nós temos só foram alcançadas porque negociamos em bloco. Nosso patrocínio com a OAS, por exemplo, foi fechado em conjunto. Como dirigente, sou obrigado a dizer que o sucesso deles é importante para nós. Mas é claro que, como torcedor, meu pensamento é diferente”, disse o presidente do Bahia, Marcelo Guimarães Filho. “Nesse ponto, quem perde é o futebol baiano e nordestino como um todo”, concordou Ricardo Azevedo, diretor de marketing do Vitória.

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