Mano Menezes ainda está a uma semana de completar seu primeiro mês como técnico da seleção brasileira, mas já conseguiu conduzir uma reformulação total na imagem da equipe nacional. A campanha frustrada na Copa do Mundo, o estilo carrancudo de Dunga e a dificuldade de acesso para patrocinadores já são elementos de um passado que parece ter sido abandonado na África do Sul.
Depois da contratação de Mano, a seleção reduziu sua média de idade, convocou jogadores que ainda não tinham tido oportunidades na equipe nacional e bateu os Estados Unidos por 2 a 0. Tudo isso contribuiu para aplacar o fracasso na última Copa, mas não esconde a mudança de perfil do comandante.
A primeira prova disso é que Mano Menezes teve um encontro com todos os patrocinadores da seleção brasileira. A reunião foi conduzida por Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), e serviu para que o comandante fosse apresentado às pessoas que decidem as estratégias das empresas que apoiam a equipe nacional.
Durante a fase de preparação para a Copa do Mundo de 2010, a postura de Dunga prejudicou alguns patrocinadores da seleção brasileira. O comandante adotou treinos fechados, proibiu imagens em uma série de atividades e impediu ações de empresas no ambiente de jogo.
O temor neste ano era repetir o que aconteceu na fase que precedeu o Mundial de 2006, quando a seleção deu livre acesso a patrocinadores, imprensa e torcedores. Até hoje, o excesso de movimentação na concentração é apontado como um dos culpados pela participação negativa da equipe pentacampeã no torneio disputado na Alemanha.
Com Mano, a rigidez que marcou o período de Dunga na seleção ficou para trás. O treinador deu três exemplos disso na última segunda-feira, quando participou de evento da Gillette, patrocinadora da equipe nacional.
Em primeiro lugar, Mano esteve no evento a despeito de não ter um contrato com a Gillette – foi convidado apenas para essa apresentação. Ricardo Teixeira estava viajando, mas ele foi liberado pela CBF.
Mano também mostrou postura política ao comentar um tema que foi polêmica recente: a participação de humoristas no dia a dia da seleção brasileira, vetada por Dunga na Copa de 2010. “Gosto muito de humor, o brasileiro gosta muito de humor, mas acho que a gente deve dar um pouco de preferência para a imprensa esportiva na cobertura do esporte. Mas sempre sem intransigência”, disse o comandante.
O terceiro momento do evento que reforçou a mudança de imagem foi um comentário feito por Mano sobre uma invasão em seu perfil no site de microblogs Twitter. “Eles foram muito felizes na foto que colocaram ao meu lado. Nem eu seria tão criativo para colocar juntas duas pessoas que, de modo diferente, trabalham incessantemente pela alegria do povo”, comentou. Os hackers inseriram uma imagem do palhaço Bozo ao lado do técnico.
O talento político, o comportamento afável e a mudança provocada na seleção brasileira fizeram de Mano Menezes uma figura desejada por patrocinadores. Ele já teve uma sondagem da própria Gillette, que procura novos rostos para sua marca no Brasil, e foi protagonista de campanha da Nike quando ainda estava no Corinthians.
Enquanto esteve à frente da seleção brasileira, Dunga teve contrato com a empresa de telefonia OI. A marca é rival da Vivo, que apoia a equipe nacional. O comandante também foi um dos personagens principais de uma campanha da Brahma, cerveja do grupo Ambev, que tem contrato com a CBF.