Paulo Nobre deixou a presidência do Palmeiras na última sexta-feira. O empresário passou o comando do clube para Maurício Galiotte, que faz parte do seu grupo político, mas nem por isso sua saída foi tranquila. Seu último ato como presidente foi barrar politicamente a dona da Crefisa, principal patrocinadora do clube.
Leila Pereira, que comanda a Crefisa e a Faculdade das Américas, teve sua candidatura ao conselho palmeirense impedida por Paulo Nobre. O agora ex-presidente publicou uma resolução na sexta-feira que afirma que Pereira não é sócia do Palmeiras há mais de oito anos, condição indispensável, pelo estatuto da agremiação, para concorrer à cadeira almejada.
LEIA MAIS – Análise: Palmeiras mostra como futebol é precário no Brasil
A notícia não foi bem recebida por Pereira, que usou o diário Lance! no último fim de semana para criticar Nobre. “O que o Paulo Nobre fez pelo Palmeiras nos dois primeiros anos de mandato, antes de patrocinarmos o clube? Quase levou o clube para a segunda divisão”, afirmou.
E Pereira foi além: “Quero continuar como patrocinadora do Palmeiras e quero ser conselheira do clube. Nosso contrato só termina no fim de janeiro e tenho mais 30 dias para renovar depois disso. Eu tenho toda a intenção de continuar lá. Se o Palmeiras não me quiser, o que posso fazer?”.
A presidente da Crefisa tem como principal aliado no Palmeiras o também ex-presidente Mustafá Contursi que, ao Uol, alegou que Pereira entrou no clube na década de 1990 sob o seu comando como uma espécie de sócia benemérita, por ser uma “palmeirense ilustre”.
Publicamente, a relação entre Paulo Nobre e Leila Pereira nunca foi boa; a executiva já fez intimidações semelhantes em outras oportunidades. Em uma delas, quando a Adidas pediu permissão para fazer uma camisa comemorativa com a Parmalat, Pereira chegou a ameaçar a passar o patrocínio ao Flamengo, que daria maior visibilidade.
Com Galiotte, a situação é diferente. A relação é tão boa que Leila já falou em ajudar o clube na contratação direta de jogadores. Na quinta-feira, deu entrevista à Rádio Globo e disse que faria “qualquer coisa” para que o clube fosse campeão mundial.
O Palmeiras fechará 2016 com um faturamento recorde, parte porque os investimentos da Crefisa foram altos, sem precedentes no futebol brasileiro. Calcula-se que, entre patrocínio e jogadores, os valores cheguem a quase R$ 80 milhões neste ano.