O Campeonato Brasileiro que começou no último fim de semana tem uma particularidade nos bastidores: esse será o último torneio nos atuais moldes de contrato com a Globo. Após a implosão dos Clubes dos 13, os clubes fecharam acordos individuais válidos até o fim desta temporada. Agora é o momento de avaliar se esse é o melhor modelo.
Análise: Divisão igualitária de TV é realidade distante
Levantamento feito pelo consultor Amir Somoggi revela a discrepância atual entre os clubes. Considerando as equipes com maior orçamento na divisão principal, Corinthians e Flamengo recebem mais de três vezes do que o último colocado, o Goiás, que levou R$ 33 milhões em 2014.
E, pelo novo acordo com a Globo, a diferença subirá. As cotas acordadas para o período entre 2016 e 2018 faz a distância passar a ser de cinco vezes. Corinthians e Flamengo, com R$ 170 milhões, ganhariam R$ 60 milhões a mais do que o São Paulo, terceiro na lista.
“Será um absurdo se isso acontecer. A grande atratividade do Brasileirão é o equilíbrio. Com o novo contrato, isso será difícil. Seria um tiro no pé”, comentou Somoggi.
Hoje, os clubes que recebem menos ainda conseguem equilibrar a conta. O bicampeonato do Cruzeiro é um prova de que a tal “espanholização” do futebol brasileiro não é uma realidade. No país ibérico, Real Madrid e Barcelona chegam a receber dez vezes mais do que o clube que menos recebe pelo direito de TV.
Ainda que o Cruzeiro tenha ganhado um pouco mais do que a metade recebida pelo Flamengo, ele atinge maior êxito em outras contas. Nenhum clube brasileiro ganhou tanto com a soma de sócios-torcedores e bilheteria do que os mineiros: foram arrecadados R$ 85,8 milhões em 2014.
Atualmente, os clubes negociam por mais dinheiro da TV para reduzir o abismo. Na Espanha, o governo intercedeu para que haja uma divisão mais igualitária e obrigou a venda coletiva. Algo parecido ocorreu na Itália, há alguns anos, com um boicote dos menores contra a situação.