Idealizador da Liga das Américas é investigado na Itália

Genoa está no centro de novo escândalo de corrupção na Itália

Quase dez anos após o Calciocaos, esquema de manipulação de resultados envolvendo Juventus, Milan, Fiorentina e Lazio, a Itália se vê no centro de mais um escândalo, desta vez envolvendo os direitos de transmissão da Lega Calcio, a primeira divisão do futebol italiano.

A crise respinga na MP&Silva, agência que ganhou força no mercado latino-americano ao anunciar o projeto para criar a Liga dos Campeões das Américas. A empresa, responsável pela venda internacional dos direitos de TV do torneio, teria pago cerca de  € 15 milhões para que o Genoa cumprisse os requisitos financeiros para se manter na elite do campeonato.

A MP&Silva é uma das parceiras da Infront, acusada pela Justiça italiana de favorecimento à Mediaset, de propriedade de Silvio Berlusconi, dono do Milan, nas negociações. Desde que assumiu o posto, a Infront elevou o faturamento com transmissão de  € 725 milhões, em 2009, para  € 1,2 bilhão.

A distribuição escusa de recursos fez com que Roma e Juventus liderassem um movimento contrário à presença da empresa no futebol italiano. Sob suspeita também está a compra do Bari por Gianluca Paparesta com dinheiro oriundo do adiantamento dos direitos de imagem.

Os direitos de transmissão televisivos foram o estopim para a crise que assola o futebol mundial e derrubou a Traffic, de J Hawilla, do controle na América do Sul. Curiosamente, a queda do empresário abriu espaço para que a MP&Silva desse os primeiros passos para a Liga das Américas, torneio que foi sonho da Traffic em 2001.

O projeto, ao qual a Máquina do Esporte teve acesso exclusivo, no mês de setembro, prevê a distribuição de US$ 440 milhões em prêmios para os clubes participantes, sendo que o mínimo garantido para a disputa da competição é de US$ 5 mi.

O torneio reuniria com 64 clubes da Concacaf e Conmebol, entidades líderes no continente.

As negociações têm sido conduzidas por Riccardo Silva, fundador da agência e um dos nomes investigados pela procuradoria na Itália. Ele esteve recentemente no Brasil. Sondou alguns clubes. A proposta da MP para pagar tanto aos clubes é baseada no interesse da mídia pela compra dos direitos do torneio.

No projeto, a liga seria gerenciada pela MP&Silva, o que acabaria com a força de Conmebol e Concacaf, além da Fox, que hoje detém 70% da T&T, dona dos direitos sobre a Libertadores.

A liga poderia abrir espaço para um novo player de mídia na região. A beIN Sports, braço da Al-Jazeera, tem interesse no mercado da América Latina, mas não tem um produto forte o suficiente para isso. Silva é amigo do dono da emissora, Nasser Al-Khelaifi. Eles foram sócios na entrada da beIN na Ásia, via MP&Silva.

Recentemente, Riccardo Silva ganhou espaço no noticiário ao anunciar sociedade no Miami FC, time de futebol que tem o ex-jogador italiano Paolo Maldini como sócio minoritário. O executivo da MP&Silva é detentor de 50% do clube.

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