Sem recursos após um período de bonança encerrado com o fim dos Jogos Olímpicos do Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil), comparou o atual montante disponível à entidade com o que tinha há quase duas décadas.
“Era natural que se esperasse esse cenário com menos patrocinadores e a não renovação de parcerias comerciais. Voltamos à situação de antes de Sydney 2000. De 2002 a 2016 tivemos grandes eventos esportivos com nossa organização e a origem dos recursos eram diversas”, afirmou Nuzman, em entrevista coletiva realizada horas antes do Prêmio Brasil Olímpico, no Rio de Janeiro.
O dirigente se refere ao período em que o Brasil foi sede de grandes eventos multiesportivos, como os Jogos Sul-Americanos (2002), o Pan-Americanos (2007), os Jogos Mundiais Militares (2011) e a Olimpíada (2016), todos no Rio de Janeiro. A competição da Organização Desportiva Sul-Americana também contou com sede em São Paulo, Curitiba e Belém.
Anteriormente, o país esteve fora do calendário de eventos multiesportivos por quase 40 anos, desde os Jogos Pan-Americanos de São Paulo e a Universíade de Porto Alegre, ambos em 1963.
Na época de Sydney, o COB não contava nem com recursos regulares que alcançou com a Lei Piva. Aprovada em 2001, a lei destinava parte da arrecadação das loterias da Caixa ao esporte olímpico e paralímpico. A iniciativa foi saudada por Nuzman, na época, como a “lei Áurea do esporte brasileiro”.
Com os Jogos Olímpicos, o COB viu grandes somas chegarem aos cofres da entidade, seja em convênios com o Ministério do Esporte, seja com patrocinadores, casos de Nike, Bradesco e Nissan, entre outros. Conforme a Máquina do Esporte antecipou em fevereiro, ninguém renovou com o comitê, que segue sem parceiros comerciais e sequer um fornecedor de material esportivo.
Sem apoiadores, a Lei Piva volta a ser a principal fonte de renda do comitê. Para este ano, é estimada uma arrecadação de R$ 210 milhões. Sem recursos, Nuzman agora não estabelece metas para os Jogos de Tóquio 2020. Para o Rio 2016, COB e Ministério do Esporte tiveram como objetivo chegar ao top 10 no quadro geral de medalhas. Mesmo com investimentos de mais de R$ 1 bilhão na preparação, o Brasil acabou em 13º lugar.
“Não fui eu que divulguei. Não falaremos mais sobre metas”, afirmou o dirigente, referindo-se a Marcus Vinícius Freire, ex-diretor executivo de esportes do COB, que deixou o comitê logo após não atingir a meta.