Nuzman e seu braço direito na Rio 2016 são presos pela Polícia Federal

Foto: Francisco Medeiros / ME

O presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, e seu braço direito na entidade, Leonardo Gryner, foram presos na manhã desta quinta-feira (5) pela Polícia Federal, durante a operação “Unfair Play Segundo Tempo”, um desdobramento da Lava Jato. Os dois encontravam-se em suas respectivas residências, no Leblon e nas Laranjeiras, ambas na zona sul do Rio de Janeiro, no momento das detenções.

Presidente do COB desde 1995, Nuzman é suspeito de intermediar compra de votos de integrantes do Comitê Olímpíco Internacional (COI) para a eleição do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos do ano passado. O pedido de prisão temporária foi decretado pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal.

De acordo com o Ministério Público Federal, o pedido de prisão foi decretado por conta de uma tentativa de ocultação de bens, após a polícia ter cumprido um mandado de busca na casa de Nuzman há exatamente um mês, durante a operação “Unfair Play”, a primeira parte deste desdobramento da Lava Jato. No imóvel, foram encontrados R$ 480 mil em espécie, em cinco moedas diferentes. Porém, foram ocultados outros valores em espécie e 16 quilos de ouro que estariam em um cofre na Suíça.

Braço direito de Nuzman no COB e ex-diretor de Comunicação e Marketing do comitê Rio 2016, Leonardo Gryner foi preso por conta de encontros com o filho do presidente da Federação Internacional de Atletismo, suspeito de ter recebido propina para votar no Rio de Janeiro como sede da Olímpiada de 2016.

De acordo com as investigações, as provas colhidas na primeira etapa da “Unfair Play” mostram evidências de que Nuzman e Gryner fizeram a ligação entre o esquema de propinas do ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, que está preso desde novembro de 2016, e membros africanos do COI. Todo o esquema teria sido feito por meio do empresário Arthur Cesar Soares de Menezes Filho, conhecido como Rei Arthur, que também teve mandado de prisão decretado, mas está foragido da justiça.

Segundo o Ministério Público Federal, as prisões temporárias de Nuzman e Gryner são fundamentais como garantia da ordem pública. Além disso, o fato de bloquear os patrimônios de ambos e impedir que continuem cometendo crimes e ocultando provas também são essenciais na tentativa de descobrir todos os detalhes do esquema.

Os mandados de prisão contra Nuzman e Gryner não foram os únicos a serem cumpridos na manhã desta quinta-feira (5). A Polícia Federal também cumpre outros seis mandados de busca e apreensão. 

O Ministério Público Federal já admitiu também que as fronteiras internacionais não limitaram a área de atuação do que o MPF chama de organização criminosa do ex-governador Sérgio Cabral. “Trata-se de um esquema altamente sofisticado, que agia internacionalmente com desenvoltura e uma engenhosa e complexa relação corrupta”, afirmam os procuradores.

Para se ter uma ideia, o atual estágio da investigação só foi alcançado graças a pedidos feitos pelo MPF de cooperação jurídica internacional com Antígua e Barbuda, Estados Unidos, França e Reino Unido.

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