Após o almoço, foi a vez de Marcelo Fernandes, gerente de inteligência do consumidor do esporte do Grupo Globo, apresentar um estudo inédito com o perfil do consumidor no esporte feito pela empresa. Desde 2008, Marcelo coordenou as áreas de inteligência de direitos e inteligência de mercado do SporTV, além de ter trabalhado por dois anos nos projetos ligados à agenda estratégica do futebol. Desde 2017, ficou responsável pela área de inteligência do consumidor.
O estudo acompanhou o dia a dia do consumidor do esporte, ganhou o nome de “A nova cara dos esportes” e chegou a diversos números sobre o assunto. Marcelo, aliás, deixou claro desde o começo a principal característica da análise: em primeiro lugar, o consumidor.
“A primeira grande questão, a primeira grande discussão foi ultrapassar a barreira do futebol. Todo mundo sabe o quanto o futebol é amado no Brasil. A questão é perceber que o esporte vai muito além do futebol e há diversos tipos de consumidores para diversas modalidades. Um exemplo claríssimo e muito atual são os e-Sports”, afirmou o executivo.
O estudo contemplou também outras questões, como a relação entre prática e consumo. Não é preciso praticar um esporte para que o consumidor seja engajado no assunto, seja assistindo a um jogo na televisão, seja seguindo um determinado atleta nas redes sociais, ou de tantas outras formas.
Entre as conclusões do estudo, uma das mais importantes foi que o esporte ajuda a formar a identidade do brasileiro. O esporte, na essência, tem um capital social muito forte, ajuda na criação e manutenção de grupos sociais, promove a expressão de valores pessoais (muitos praticam ou assistem porque percebem seus próprios valores naquele determinado esporte) e ainda ajuda na conexão com a própria origem (a história do orgulho de ser brasileiro em período de Copa do Mundo, por exemplo), além de ser um “grande parque de diversões”, por estar cada vez mais ligado ao entretenimento, e servir como inspiração.
“As pessoas não conseguem falar delas mesmas sem falar de esporte em alguma medida. Ao se autodefinir, a pessoa acaba fazendo alguma conexão com o esporte. Isso porque todos têm um processo de formação de identidade esportiva desde pequenos, que normalmente vem de pai para filho”, analisou Marcelo.
O estudo ainda revelou os novos valores que influenciam o esporte: diversidade, personalização, colaboração e ampliação. Entender a relação do consumidor com cada modalidade é entender a essência por trás dessa relação, e suas dimensões. Em geral, diferentes modalidades podem se agrupar numa mesma essência.
Por fim, ainda houve uma análise sobre a importância do ídolo para o consumidor do esporte. Isso porque o ídolo sempre teve um papel importante como porta de entrada das pessoas no mundo do esporte. Hoje, a busca por uma referência continua, mas há mudanças e rupturas interessantes.
O fã quer estar próximo do ídolo. Com as redes sociais e a capacidade de seguir pessoas que, às vezes, não têm uma relevância tão grande na mídia, é possível o consumidor ter como ídolo alguém com o qual realmente se identifique, que tenha valores realmente próximos. Assim, é cada vez mais difícil existir o antes tradicional processo de endeusamento, é cada vez mais difícil ter um ídolo que seja unanimidade, mas é muito mais fácil achar um ídolo que tenha características que realmente encantem esse ou aquele consumidor, independentemente de presença ou não na mídia de um modo geral.