Foi mais do que uma inédita medalha de ouro para o Brasil. A vitória da seleção contra a Alemanha, em pleno Maracanã, foi a demonstração de todo um país, que se intitula “do futebol”, de que o protagonismo da bola permanece nesta terra, independentemente do que tenha acontecido nos gramados da Copa do Mundo.
Por isso, durante 90 minutos, mais prorrogação e mais pênaltis, os Jogos Olímpicos “pararam”. Outras competições aconteciam na prática, mas havia uma enorme atenção a tudo o que ocorria no Maracanã.
Na televisão, os dados prévios do Ibope apontam para quase 70% das TVs ligadas na Globo, na Band ou na Record, que transmitiram a partida. A Globo chegou a bater mais de 40 pontos no momento da cobrança de pênaltis.
Mas o interesse pelo futebol interferiu até em arenas dos Jogos, que se esvaziaram durante a partida da seleção. Na ginástica rítmica, por exemplo, o gol do Neymar foi celebrado nas arquibancadas, e serviu de alerta para que os torcedores se apressassem para ir acompanhar o jogo no Live Site.
No Parque Olímpico, um voluntário resolveu colocar o rádio no megafone para que todos pudessem saber o que acontecia no Maracanã. A cena era pouco usual, mas pelo menos o funcionário teve bom senso: a estação sintonizada era a Bradesco FM, marca que patrocina o evento.
Outro voluntário usou a situação para apressar a saída das pessoas das arenas no fim da tarde: “Vamos ver o jogo. Está 1 a 0, eles ainda podem fazer 7”, brincou.
A televisão no celular se tornou objeto obrigatório no BRT e no trem, e brasileiros se aproximavam para assistir em conjunto. No Engenhão, os pênaltis começaram justamente na hora de entrada dos torcedores. Alguns não resistiram e saíram da fila em direção aos botecos que rodeiam o estádio. Eles ficaram abarrotados durante as penalidades. Na saída, gritos de “mil gols” eram puxados, deixando estrangeiros um pouco confusos.
Apesar da alternância de poder na CBF, a vitória da seleção não pode ser atribuída a uma mudança de gestão no futebol brasileiro. Mas, para os torcedores do país, ela significou muito. Foi o resgate de um orgulho que faz parte da raiz do que é ser brasileiro. Foi, certamente, o melhor jeito de consagrar a participação no Rio 2016 com a melhor campanha já realizado pelo país em uma Olimpíada.