Para professor americano, Brasil está duas décadas atrás dos EUA

Não é apenas nas grandes ligas e times que o mercado esportivo americano deu enormes saltos nas últimas três décadas. O aumento do profissionalismo do segmento fez surgir também um novo mercado na academia, em que faculdades e universidades têm unido esforços para acompanhar esse desenvolvimento. Algo ainda pouco amadurecido no Brasil.

Na última semana, aconteceu em Boston a conferência anual da Sport Marketing Association, entidade que completou 15 anos de existência. Sua principal função é unir a academia ao mercado, com troca de informação, dados e pesquisas.

A Máquina do Esporte conversou com um dos participantes do encontro, o Dr. Mark Nagel, professor do departamento de esporte e entretenimento da Universidade da Carolina do Norte. Na semana anterior ao evento, Nagel esteve em um fórum de esporte da Universidade de Brasília, e pôde acompanhar de perto como anda o segmento no país latino-americano.

“Os negócios do esporte têm crescido nos Estados Unidos como disciplina acadêmica, mas no Brasil isso não existe de fato. O Brasil vive hoje o que os Estados Unidos viveram no começo dos anos 1990. Ele começa a perceber que há uma área de negócios na formação acadêmica com esporte que pode ser desenvolvida. Academicamente, o Brasil está 20, 25 anos atrás”, comentou Nagel.

O primeiro curso diretamente ligado a esporte nos Estados Unidos surgiu na Universidade de Ohio, ainda nos anos 1960. Mas foi entre a década de 1980 e 1990 que eles passaram a ser requisitados e ampliados. Hoje, o país conta com cerca de 300 programas relacionados à gestão do esporte, entre cursos isolados e graduações e pós-graduações inteiras sobre o assunto.

A busca do mercado por dados levantados pelas universidades, por outro lado, ainda tem sido um problema. “O esporte ainda é fechado para isso em comparação a outros negócios. O que ajuda são os eventos em que nos emergimos com profissionais e colocamos academia e mercado juntos. Nos últimos anos, isso tem se tornado muito melhor”, salientou Nagel.

Segundo o professor, o que tem aumentado a relevância dessa troca são os diversos programas de intercâmbio entre times e ligas e os estudantes. Além, claro, do melhor desenvolvimento de pesquisas para o mercado esportivo. Nem tudo, no entanto, está perfeito.

“A academia deveria achar soluções para problemas identificados pelo mercado. Nosso campo não tem feito um bom trabalho nisso como em outros campos. Há estudos que não necessariamente ajudam os profissionais do esporte”, aponta Nagel.

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