O ciclo de megaeventos no Brasil será encerrado neste ano com o discurso sobre sustentabilidade de arenas esportivas enterrado. Ginásios e estádios pelo país ficaram sem apelo comercial e com altíssimos valores de manutenção. Na última sexta-feira, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, oficializou o fracasso da cidade em manter as bilionárias instalações.
Com licitação para a parceria público privada suspensa, as arenas do Parque Olímpico foram repassadas ao Ministério do Esporte, e agora caberá à União a administração do espaço. Os custos de manutenção estão estimados em R$ 17 milhões ao ano, mas nem o governo tem o número com precisão. Ou, pelo menos, evitou explicitá-lo.
“Quanto mais uso tem, maior o custeio. Então, vamos encontrar a velocidade entre o melhor uso possível da forma mais econômica”, desconversou o ministro do esporte, Leonardo Picciani.
Além da manutenção, o governo federal ainda ficou responsável pela desmontagem de algumas estruturas que serão usadas em escolas públicas. A Arena Carioca 1, ginásio para 16 mil pessoas que foi usado pelo basquete nos Jogos Olímpicos, é considerada a estrutura mais complexa e rentável, e, por isso, poderá passar por um processo de licitação isolado em 2017.
Basta, agora, que alguma empresa se interesse. Não foi esse o caso nas negociações que envolveram o Parque Olímpico nos últimos meses. “Essa coisa de fim de governo, o privado fica inseguro. O momento econômico é difícil no Brasil. Temos uma solução dada aqui, mas nada impede que amanhã o Ministério e a Prefeitura façam uma concessão ao setor privado”, justificou o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes.
No evento de sexta-feira, foi apresentado também a Via Olímpica, um parque público administrado pela Rio Mais, concessionária formada por Odebrecht, Andrade Gutierrez e Carvalho Hosken. Nesse caso, a licitação funcionou porque envolveu a estrutura imobiliária da Vila Olímpica.
Dessa maneira, o Parque Olímpico se junta ao Maracanã entre os problemas esportivos da capital fluminense. Na última terça-feira, o Governo do Estado prorrogou o edital de licitação do estádio. O processo acontece porque a antiga concessionária, formada majoritariamente pela Odebrecht, entrou com um pedido de arbitragem para devolver a arena. A empresa teve prejuízo de acumulado de R$ 173 milhões com o complexo.