Após a partida disputada contra a Bulgária, no último sábado (2), o presidente da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), Ary Graça, afirmou que o incidente ocorrido poderia manchar a imagem da seleção brasileira, mas rechaçou a possibilidade de prejudicar a relação entre a entidade e patrocinadores.
Durante o jogo, com o intuito de se beneficiar do regulamento do Mundial e se classificar para um grupo tido como mais fraco, composto por Alemanha e República Tcheca, a seleção do técnico Bernardinho poupou dois jogadores e visivelmente não se empenhou em vencer a disputa.
O caso gerou repercussão negativa imediata entre os torcedores presentes, que vaiaram o time brasileiro, e entre a imprensa estrangeira, que classificou a decisão brasileira como “marmelada”. Três dias depois do jogo, a CBV insiste e reafirma que não recebeu nenhuma queixa de patrocinadores.
De fato, a Olympikus, patrocinadora e fornecedora de materiais esportivos da seleção de vôlei, vê exageros na repercussão. “Estão transformando uma chuva em um tsunami”, afirma Tullio Formicola, diretor de marketing da companhia, à Máquina do Esporte. “Está mais do que provado que essa seleção é vencedora, e o caso não muda nada do que estava planejado caso sejam campeões”.
O incidente pode ser comparado aos acontecimentos recentes da seleção francesa de futebol. Antes da Copa do Mundo, durante as eliminatórias, a França se classificou para o Mundial depois que o atacante Thierry Henry fez uma assistência com o auxílio das mãos. O episódio valeu ao país europeu a pecha de falta de ética. Posteriormente, quando derrotado, entrou em crise e teve de ressarcir patrocinadores.
Caso a seleção de vôlei brasileira seja campeã do Mundial, conforme sugere Georgios Hatzidakis, sócio da agência de marketing esportivo Olympia Sports, a partida contra a Bulgária deverá ser esquecida pela população brasileira. “Se ela perder, por outro lado, todo mundo irá lembrar desse caso e isso deve prejudicar a ativação de ações com a imagem da seleção”, argumenta o especialista.
A ética – ou a falta dela – é determinante para que o interesse das empresas pela equipe continue em alta, segundo Hatzidakis. “Qualquer companhia espera que o time possa vencer sem ter de fazer qualquer conchavo”, explica o professor de marketing esportivo.
Apesar da repercussão negativa e da possibilidade de que o episódio volte à tona caso a seleção não seja bem sucedida, como aconteceu com a França após o fim da Copa do Mundo, espera-se que o Brasil se mantenha em alta devido à alta “reserva de sucesso”, de acordo com José Carlos Brunoro, sócio-diretor da Sport Strategy, parceria entre as agências Brunoro Sport Business e Investmark.
“É a primeira vez que vejo isso acontecer no vôlei desde a época da cortina de ferro, quando a Rússia obrigava outros times a manipular resultados”, lembra o especialista. “Esse caso não irá interferir na imagem da seleção por toda a reserva de vitórias que ela tem, e por ter sido um fato isolado”, completa.