O cerco contra Ricardo Teixeira começa a se apertar no Brasil, após a Justiça espanhola emitir ordem de prisão contra o dirigente.
O pedido foi feito pela juíza Carmem Lamela no dia 12 de junho. Teixeira, que voltou a viver no país após temporadas em Miami e no Uruguai, também teria mandado de prisão emitido pela Justiça dos Estados Unidos.
Teoricamente, o ex-presidente da CBF poderia se sentir seguro no Brasil. Em junho, em entrevista à Folha de S.Paulo, o cartola mostrou confiança em seu retorno ao Rio de Janeiro.
“Tem lugar mais seguro que o Brasil? Qual é o lugar? Vou fugir de quê, se aqui não sou acusado de nada? Você sabe que tudo o que me acusam no exterior não é crime no Brasil. Não estou dizendo se fiz ou não”, afirmou Teixeira, que presidiu a CBF de 1989 a 2012.
Na prática, a situação não é bem essa. Apesar de a legislação nacional não autorizar a extradição de cidadãos com passaporte brasileiro, o dirigente ainda correria risco de prisão.
Membros da PGR (Procuradoria-Geral da República), de maneira informal, já trocam informações com os investigadores espanhóis.
A ideia dos procuradores, quando o pedido oficial de prisão chegar ao Brasil, é oferecer à Justiça da Espanha a possibilidade de que as investigações continuem no país. Caso a proposta seja aceita, Teixeira seria processado no Brasil, correndo risco de prisão.
Na Espanha, o brasileiro é considerado participante de uma organização criminosa, da qual também fazia parte seu amigo Sandro Rosell. O ex-presidente do Barcelona, responsável pela contratação de Neymar, está detido desde maio por lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.
Rosell se aproximou de Teixeira nos anos 90, quando atuou no Brasil como executivo da Nike. Foi ele o responsável por fazer a seleção brasileira assinar contrato com a multinacional norte-americana.
O espanhol também teria atuado como intermediário de amistosos da equipe nacional, fazendo cobranças ilegais de comissões sobre direito de imagem. Um intrincado caminho era seguido pelas empresas de Rosell para lavar esse dinheiro, com ramificações no Qatar e em contas no paraíso fiscal de Andorra.
Segundo investigação do FBI, Teixeira também teria participado de esquema milionário de dirigentes da Conmebol e Concacaf que teriam recebido um total de US$ 200 milhões em propinas na negociação de direitos de TV de jogos das eliminatórias da Copa.