Pela 1ª vez na história, Volta da França terá equipe africana

 

Equipe MTN-Qhubeka faz piquenique após treinamento

A Volta da França dará, na edição deste ano, mais um passo importante no objetivo de tornar o ciclismo um esporte globalizado. Com o convite enviado por Christiano Prudhomme, diretor da prova, para a MTN-Qhubeka, pela primeira vez haverá uma equipe africana disputando a principal competição de estada do mundo.

A competição tem se aberto para o mundo a cada ano. Em 1983, a Café de Colômbia foi a primeira equipe sul-americana a participar da tradicional corrida francesa. Três anos depois, a 7-Eleven inaugurou a participação de um time dos Estados Unidos.

Quase 30 anos depois, em 2012, foi a vez de a australiana GreenEdge se tornar a primeira equipe da Oceania na disputa. Em 2014, Ji Cheng cruzou os Champs Élysées com a bandeira da China enrolada nos ombros. Chegou em último lugar, mas se tornou o primeiro ciclista de seu país a terminar a prova.

Brian Smith, diretor-geral da equipe, afirmou estar “extremamente orgulhoso” por fazer parte da história do ciclismo na África. A equipe, que terá como capitão o norueguês Edvald Boasson Hagen (ganhador de duas etapas da Volta da França), tem em seu nome uma fundação, Qhubeka, que tem como missão entregar bicicletas para transporte de estudantes em zonas rurais.

Desde sua criação, há 11 anos, a ONG entregou 50 mil bicicletas a crianças. Qhubeka, na língua zulu, significa “progredir”. “Das 16 milhões de crianças que estudam na África do Sul, 12 milhões vão à escola caminhando”, conta Doug Ryder, chefe da equipe.

Para os organizadores da Volta da França, a entrada da MTN-Qhubeka será uma ótima oportunidade de divulgar sua marca no continente. Em 2013, os organizadores ganharam um bom impulso no continente com a vitória do britânico Chris Froome, que é natural de Nairóbi, no Quênia.

“Encontramos um equilíbrio entre nossas raízes e a vontade de abrirmos ainda mais ao mundo inteiro a maior corrida do planeta. A participação da MTN-Qhubeka no tour vai acelerar o desenvolvimento do ciclismo africano”, afirma Prudhomme.

A MTN-Qhubeka estreou em uma prova grande de ciclismo de estrada com a disputa da Volta da Espanha de 2014. A dúvida agora é se a direção da equipe irá levar experientes ciclistas europeus para defender suas cores ou terá corredores africanos no time. O holandês Theo Bos, ex-Rabobank, e o norte-americano Tyler Farrar, que já correu pela Cofidis.

“Vamos selecionar os 9 ciclistas que disputarão a Volta da França tendo o mérito como único critério. Mas espero que haja africanos entre eles”, afirmou o chefe da equipe.

Entre os integrantes da equipe há 8 sul-africanos, 3 eritreus, 1 argelino e 1 ruandês. “Esses jovens eritreus são netos de [Fausto] Coppi e [Gino] Bartali”, afirma Prudhomme, referindo-se a dois ex-campeões da Volta da França e ao passado colonial da Itália na Eritréia no século passado.

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