O primeiro amistoso da seleção no Brasil pós-Copa do Mundo, 7 a 1 e escândalo de corrupção mundial envolvendo dirigentes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) tinha ingredientes suficientes para transformar o Allianz Parque em um caldeirão. Tinha. Não teve.
Quem esperava protestos ou indignação, viu uma torcida desacostumada a estádios, selecionada pelo preço salgado dos ingressos que custaram entre R$ 180 e R$ 600. Um público totalmente alheio à engrenagem que mantém o cotidiano do principal esporte do país. A crise? Virou piada, coadjuvante em um dia que poderia ter sido histórico com uma cobrança incisiva por transparência, ética e mudanças.
As vaias e os aplausos ficaram restritos à esfera esportiva. Elias, o intruso corintiano na arena palmeirense, que o diga. A rivalidade paulista falou mais alto.
Se a urna é a nossa chance de mudança política e democracia, o estádio é onde ressoa a voz do torcedor. E perdemos a chance de fazer eco justamente na praça mais arisca aos desmandos da CBF e da seleção. Resignação é o sentimento que menos precisávamos em um momento em que o futebol, tão retrógrado nos bastidores, tenta a fórceps avançar.
Que os gaúchos de Porto Alegre, anfitriões da seleção no jogo contra Honduras nesta quarta-feira, façam mais e melhor pelo esporte. Não é hora para fazer piada. O futebol está sem graça.