Correios desistem de apoiar natação após prisões de dirigentes

O ex-presidente Coaracy Nunes, que foi preso pela PF

A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) perderá o patrocínio de R$ 5,7 milhões por ano que tinha dos Correios em contrato válido até 2019.

A decisão foi anunciada no início da noite de ontem pela estatal depois de deflagrada uma operação da Polícia Federal que levou a antiga diretoria da entidade para a prisão.

Foram detidos o ex-presidente Coaracy Nunes, o coordenador de polo aquático Ricardo Cabral, e o diretor financeiro Sérgio Ribeiro Lins de Alvarenga. Ricardo de Moura, braço-direito de Coaracy e coordenador de natação da entidade, encontra-se foragido.

Também houve duas conduções coercitivas à sede da PF, em São Paulo, e 16 mandados de busca e apreensão.

A operação Águas Claras investiga o suposto desvio de R$ 42,3 milhões de dinheiro público repassado à CBDA nos últimos cinco anos. Os acusados respondem por crime de peculato, associação criminosa e fraude em licitações. As fraudes foram denunciadas por ao menos 20 atletas.

Ricardo de Moura está foragido

De acordo com as investigações, houve superfaturamento em compras de equipamentos, fraude em licitações e desvio de verba pública. Também há denúncia de que dinheiro de premiação do polo aquático não foi repassado aos atletas. As acusações começaram a ser feitas em 2015 e prosseguiram durante 2016.

“Foram feitos depoimentos de atletas campeões que estavam insatisfeitos com a forma como a CBDA vinha sendo conduzida e levantando indícios de irregularidades”, afirmou Thaméa Danelon, procuradora do MPF (Ministério Público Federal).

Principal nome da natação brasileira, Cesar Cielo negou ter integrado o grupo que denunciou a CBDA. “Não vou falar que é surpresa inesperada, a operação está rolando há algum tempo, mas é muito triste. A natação está tomando um golpe atrás do outro”, afirmou o nadador, em entrevista ao portal “UOL”.

Atleta mais combativa ao poder da CBDA, Joanna Maranhão celebrou a operação.

“Acabei de sair da água. Celular cheio de ligação e mensagem. Era novidade pra vocês que eles estavam desviando grana? Pra mim não”, afirmou a nadadora no seu perfil no Twitter.

A CBDA está sob intervenção desde o mês passado, quando foi encerrado o mandato de Coaracy e a nova eleição foi barrada através de liminar obtida por Joanna na Justiça. A alegação da nadadora é que a Comissão de Atletas que participaria do pleito não havia sido eleita pelos atletas, mas pela confederação.

No momento, a entidade é comandada pelo advogado Gustavo Licks, indicado pela Justiça. Ele deve ficar no cargo entre três e quatro meses para preparar uma nova eleição.

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