PGA Tour ainda tenta vida pós-Woods

O esc”ndalo que destroçou a imagem e a vida pessoal do golfista norte-americano Tiger Woods não apenas causou um prejuízo na casa dos US$ 12 bilhões às empresas que o patrocinam, mas fez com que o atleta se afastasse do circuito por tempo indeterminado. Isso deve causar uma alteração no modelo de negócios do PGA Tour a partir da atual temporada. Três dos 46 torneios agendados para 2010 ainda não venderam a principal cota de patrocínio, situação que atinge um número maior de competições programadas para o ano seguinte (13). Além disso, duas disputas desta temporada já perderam espaço na grade da TV. O cenário negativo para o golfe não é construído apenas pelos problemas pessoais de Woods, que construiu sua carreira baseada em uma imagem de homem austero e íntegro. O esc”ndalo de relações extraconjugais terá efeito ainda mais incisivo sobre o PGA Tour porque aconteceu quando o circuito ainda buscava recuperação da crise financeira internacional. O Torrey Pines, por exemplo, um dos eventos do calendário do PGA, fechou na última semana um acordo de patrocínio com a Farmers Insurance Group, unidade da Zurich Financial Services. O acordo foi assinado por US$ 3,5 milhões, metade do que a General Motors pagava anteriormente ? a companhia foi uma das que mais sofreram com a recessão recente, foi salva por uma intervenção do governo dos Estados Unidos e também deixou recentemente a lista de parceiros de Tiger Woods. ?Talvez o mercado não permita a manutenção de prêmios de milhões de dólares. É uma conversa bastante difícil para o PGA Tour, mas deve acontecer agora?, disse Tony Ponturo, ex-diretor esportivo para grandes patrocínios da ABInbev e membro da diretoria do circuito feminino de golfe, ao jornal ?The Wall Street Journal?. A audiência do PGA Tour, mesmo com Woods, vinha em queda nos últimos anos. Isso suscitou análises sobre o atleta concentrar grande parte da publicidade e tirar interesse da modalidade, que no ano passado foi incorporada ao programa dos Jogos Olímpicos ? o golfe aparecerá no evento de 2016, no Rio de Janeiro. ?Certamente, nós não pegamos o jogador de mais sucesso de uma era, subtraímos seu nome e esperamos um impacto pequeno?, admitiu Charlie Denson, presidente da Nike, empresa que tem Woods como um dos pilares de seu segmento de golfe, em conversa com a agência Reuters. No caso da Nike, que não retirou o patrocínio a Woods, o impacto do esc”ndalo tem um grande paliativo. A empresa pode sofrer uma retração no golfe em “mbito mundial, mas projeta uma temporada positiva em função da realização da Copa do Mundo de futebol na África do Sul. ?Esse é o maior evento de marketing do ano, e isso representa uma das maiores programações que a companhia já fez?, completou Denson. A diferença é que o PGA não possui uma Copa do Mundo para se apoiar neste ano. Portanto, já estuda medidas em “mbito mundial para minimizar a ausência de Woods e a publicidade negativa que o esc”ndalo pessoal do atleta gerou. Internamente, existe na cúpula do circuito a certeza de que isso acarretará em mudanças no formato de negócios do esporte para os próximos anos.

Sair da versão mobile