Por doping, atletismo russo está fora de Jogos do Rio 2016

A saltadora russa Yelena Isinbayeva

“Regras são regras e as violações de doping no atletismo estão manchando a imagem do esporte. Por isso apoio.” Foi assim que se pronunciou Usain Bolt, maior nome entre os astros que estarão presentes na Olimpíada do Rio 2016, sobre a proibição de que o atletismo russo participe dos Jogos Olímpicos.

Nesta quinta-feira (dia 21), a Corte de Arbitragem do Esporte (CAS, na sigla em inglês), última instância de julgamento do esporte, decidiu, em Lausanne, na Suíça, negar o pedido de 68 atletas de participar dos Jogos do Rio. Nesse grupo, em que não constavam atletas suspensos por doping, estava Yelena Isinbayeva, recordista mundial do salto com vara.

“Vou recorrer ao Tribunal Internacional de Direitos Humanos e provar a minha inocência. Para mim, é uma questão de princípios, e não algo relacionado com os Jogos do Rio, já que não há mais tempo [para revogar a decisão da CAS]”, afirmou Isinbayeva.

O veto havia sido imposto pela Iaaf (Associação Internacional das Federações de Atletismo) que suspendeu em novembro a federação russa por denúncia de uso sistemático de doping e acobertamento de casos positivos.

“Os atletas das federações que estão suspensas pela Iaaf não podem participar de competições organizadas pela federação, de acordo com a Carta Olímpica”, decidiu o tribunal.

A decisão da CAS joga pressão ainda maior sobre o COI (Comitê Olímpico Internacional) que deve decidir nos próximos dias se irá banir a Rússia da Olimpíada. Seria a primeira vez na história do esporte que um país inteiro seria impedido de participar do evento por causa de doping.

A situação russa está literalmente ruça. Na terça-feira, a Wada (Agência Mundial Antidoping) divulgou o relatório de sua comissão independente que investigou o problema do doping na Rússia. Segundo o relator, o advogado Richard McLaren, o país utilizou até a FSB (sucessora da KGB), o serviço de inteligência do país, para encobrir casos positivos.

O auge aconteceu durante os Jogos de Inverno de Sochi, em 2014, quando o laboratório antidoping contava com um buraco para uma sala contígua onde os frascos de urina “suja” eram trocados por amostras “limpas” para não serem detectados o uso de drogas proibidas. Tudo com a participação do Estado.

Segundo o relatório, houve o acobertamento de 312 casos de doping, sendo 139 só no atletismo. Pelo menos 22 modalidades tiveram exames positivos encobertos. Só a ginástica artística, entre os esportes em que os russos têm tradição, ficou de fora da relação.

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