Portuguesa vive impasse para eleger presidente

O atual presidente da Portuguesa, Manuel da Conceição Ferreira, popularmente conhecido como Manuel da Lupa, pretende contrariar o estatuto do clube e permanecer na presidência por mais um triênio – o máximo permitido são dois mandatos. A proposta de continuísmo tem sido criticada por conselheiros publicamente, mas, de acordo com relatos de membros da presidência, parece ser inevitável.

Em blog hospedado no site “GloboEsporte.com”, o conselheiro José Mauro Delella se queixa da intenção de Manuel da Lupa por considerar a alteração ilegítima. “Com uma probabilidade real de acesso à série A no final do ano, qualquer candidatura situacionista deveria ser considerada bastante competitiva”, escreveu o economista. “Por que, então, a insistência em viabilizar condições para um terceiro mandato?”.

Por insistência, Delella se refere à reunião do conselho da Portuguesa realizada no dia 14 de junho. Na ocasião, não foi possível votar a proposta de Manuel da Lupa pois não houve quorum – exige-se a presença de 192 conselheiros e somente 158 atenderam à chamada. O economista vê na falta de quorum estratégia dos oposicionistas para impedir a reeleição do atual presidente.

Da Lupa, contudo, pediu outra reunião para que a proposta seja votada. “Os apoiadores da mudança sabiam que a obtenção do quorum mínimo seria um grande desafio”, consta no texto de Delella. “Tentaram, não conseguiram, fim de jogo”. O novo encontro deve acontecer no dia 15 de julho e deve definir o cenário – caso haja falta de quorum, a alteração será aprovada por inércia do conselho.

Em defesa do presidente, o vice-presidente jurídico, Giuseppe Fagote, afirma não existir nenhum interessado a ocupar o posto, seja de situação ou oposição. “Questionamos o conselho, consultamos quem poderia assumir a presidência e até perguntamos ao presidente do conselho, José Roberto Cordeiro, se ele gostaria de se candidatar”, garante.

Mas Cordeiro, bem como outros fizeram outros conselheiros influentes, recusou. O motivo da falta de candidatos, segundo o vice-presidente, é a situação financeira delicada que o clube vive. “Para assumir, tem que assumir as dívidas”, revela. A presidência, nas palavras de Fagote, é um “presente de grego”.

Ao assumir o clube, o grupo de Da Lupa encontrou cerca de 400 ações contra a Portuguesa na Justiça e, atualmente, restam apenas seis, mas a herança compromete cerca de R$ 1 milhão todos os meses. “Fosse em outras circunst”ncias, poderíamos pegar alguém da própria diretoria para se candidatar, mas ninguém quer assumir porque sabe que é difícil”, admite o vice-presidente.

Em outras palavras, a falta de candidatos à presidência ocorre pela ausência de alguém que queira, por exemplo, utilizar o próprio nome na assinatura de um empréstimo com o banco. “O doutor Manuel é apaixonado, abnegado, e para a sucessão precisamos de um presidente tão apaixonado e abnegado quanto ele para assumir a responsabilidade”, argumenta Fagote.

Há ainda o receio de que o sucessor não dê continuidade às políticas empregadas por Manuel da Lupa. O vice-presidente Giuseppe Fagote diz ter encontrado o clube em situação calamitosa ao assumi-lo, em 2005. Avaliação similar tem José Mauro Delella, crítico ao continuísmo. “Minha avaliação pessoal sobre a atual gestão é mais positiva do que negativa”, escreveu.

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