A campanha da Inglaterra na Copa do Mundo criou uma verdadeira dor de cabeça para os organizadores de Wimbledon, terceiro Grand Slam do ano e o mais tradicional torneio do calendário do tênis mundial. O problema é que a final da Copa e a final masculina de Wimbledon serão no próximo domingo (15). E o horário pode fazer com que os ingleses tenham que escolher entre uma ou outra decisão.
A final da Copa do Mundo está programada para começar às 12h (horário de Brasília). Já a decisão de Wimbledon está marcada para duas horas antes, às 10h (horário de Brasília). Só que, desde 2002, a final masculina do torneio tem média de 2 horas e 53 minutos. Se esta média se mantiver, o tênis pegará todo o primeiro tempo da final da Copa.
Já se a organização der “azar”, a final pode ser muito mais longa do que a média. Em 2008, por exemplo, Rafael Nadal venceu Roger Federer em 4 horas e 48 minutos. Se o jogo durar tudo isso, o telespectador não verá nada da final da Copa, nem que ela tenha prorrogação e pênaltis.
É claro que o contrário também pode acontecer. No entanto, historicamente, parece mais difícil. Nos últimos 16 anos, apenas duas finais duraram menos de duas horas, tempo máximo para que um evento não “atropele” o outro no próximo domingo.
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A verdade é que o assunto estava esquecido em um canto até o último sábado (7). Porém, a vitória da Inglaterra sobre a Suécia por 2 a 0 nas quartas de final da Copa e a chegada do English Team a uma semifinal de Mundial após 28 anos colocaram lenha na fogueira.
Os torcedores ingleses passaram a acreditar ainda mais que a seleção de Gareth Southgate vai passar pela Croácia e estará na final. Só que, ao mesmo tempo, não querem deixar de assistir à final de seu torneio de tênis mais importante. Na Inglaterra, é tradição ver a final masculina de Wimbledon. Para “piorar” a vida dos organizadores, Roger Federer e Rafael Nadal caminham para mais uma final histórica. Ambos entram em quadra pelas quartas de final nesta quarta-feira (11).
Há muita pressão para que Wimbledon mude o horário da partida final, inclusive por parte das emissoras de televisão que possuem os direitos de transmissão das duas competições e querem aproveitar a enorme audiência das duas finais. Só que aí entra outra questão histórica: a pontualidade britânica. Os organizadores não pretendem ceder à pressão e, ao menos por enquanto, prometem manter o horário estipulado.
“O nosso torneio (final) sempre começa às 14h (10h da Brasília). E vamos começar às 14h (10h de Brasília). É um pouco surpreendente que a Fifa tenha tido a ideia de dar o pontapé inicial às 16h (12h de Brasília). Não é algo que eles fizeram no passado, mas essa é a decisão. Houve um diálogo entre Wimbledon e Fifa,e também entre as emissoras, pois os radiodifusoresque têm os dois conjuntos de direitos estavam preocupados. No final do dia, a Fifa decidiu fazer isso”, afirmou Mick Desmond, diretor comercial e de mídia do All England Lawn Tennis and Croquet Club (AELTC), local que abriga o torneio de Wimbledon.
“Nós somos um evento esgotado e há um enorme interesse. Não há absolutamente planos para mudar nada.Não tivemos uma única reclamação de ninguém aqui achando que o futebol interferiu em sua diversão em Wimbledon. Temos acesso Wi-Fi público gratuito em muitas áreas, por isso, se as pessoas quiserem assistir tranquilamente em seu telefone ou tablet, poderão fazer isso”, completou Richard Lewis, executivo-chefe do AELTC.
A Fifa se defende. Um porta-voz da entidade afirmou que o horário da final foi decidido em 2015 com o intuito de atingir o maior público global possível. Sendo às 18h de Moscou, o jogo ocorrerá em horários acessíveis em mercados importantes para a Fifa (8h na costa oeste americana, 11h em Pequim e 16h em Londres, por exemplo).
A mídia britânica já alertou que, se Wimbledon continuar com o que a própria imprensa chama de “teimosia”, corre o risco de ter uma das piores audiências de sua história, com os telespectadores optando por assistir à final da Copa, especialmente se a Inglaterra estiver em campo.
Isso porque a audiência do Mundial vem batendo recordes entre os ingleses, como já informou a Máquina do Esporte. Na partida entre Inglaterra e Suécia, a preferência pôde ser comprovada, já que a quadra central de Wimbledon ficou dois terços vazia. Centenas de fãs fizeram fila para pegar uma pulseira que permitia a reentrada no AELTC mais tarde para que pudessem assistir à partida da Copa em algum pub local. Wimbledon não passa os jogos de futebol em nenhum lugar do complexo. E é irredutível quanto a isso.
De acordo com a mídia britânica, o que pode “aliviar” a vida dos organizadores de Wimbledon é a Inglaterra perder a semifinal para a Croácia. Mesmo assim, haverá conflito de horários, porque a disputa de terceiro lugar no sábado (14) coincidirá com a final feminina no AELTC. Um problema menor, mas que não deixa de ser um problema.
Por último, vale lembrar que outros esportes fizeram modificações em seus horários habituais para não baterem com a Copa do Mundo. O Tour de France, principal prova de ciclismo do mundo, é um deles. Outro exemplo é o tradicional clube de críquete inglês Yorkshire.