Presidente mundial da Nike explica como o Brasil será protagonista nos próximos anos

A Copa do Mundo no Brasil fez com que, pela primeira vez em sua história, a Nike fizesse o Brasil ter prioridade no lançamento de produtos no mercado. Em pesquisa realizada pela “Folha de S. Paulo em 2013”, a empresa foi a mais lembrada pelos consumidores brasileiros quando o assunto era Copa do Mundo. A marca de artigos esportivos tem focado cada vez mais no país nos últimos anos: a abertura de lojas exclusivas e novos contratos com clubes e atletas do país mostram isso.

Em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, Trevor Edwards, presidente mundial da Nike, contou os planos da empresa para o Brasil e a América Latina nos próximos cinco anos. Edwards também falou sobre Neymar, sobre o bom momento da marca com o e-commerce e sobre como pretende fazer com que o fim do Fuel Band se transforme, na verdade, num ambicioso plano de ter mais de 100 milhões de usuários cadastrados na plataforma Nike+. 


Máquina do Esporte: O Neymar pode ser a estrela da Nike no ano que vem?
Trevor Edwards: Sim. Neymar é um jogador muito animado, ele é jovem e está vivendo uma jornada que nenhum outro está. E até agora ele tem sido ótimo. O jeito que ele joga futebol, a maneira que ele traz empolgação para o jogo. Ir para a Copa do Mundo será um desafio para ele, mas também será muito excitante. Nós achamos o Neymar ótimo, ele tem essa “coisa de rockstar”, e de certa forma os jogadores de futebol são as os rockstar de hoje. E ele tem essa personalidade. Ele é o tipo de atleta que arrisca tudo para ser brilhante e nós queremos que ele faça isso.

Máquina do Esporte: A Nike acabou de abrir uma loja somente de futebol no Brasil. Como você imagina que a Copa do Mundo vai afetar a loja? A Nike vai lançar outras lojas nesse modelo?
Trevor Edwards: Na verdade, a loja de Copacabana é a primeira loja da Nike verdadeiramente voltada somente para o futebol. E a razão para termos criado a loja no Brasil é porque é um dos países que têm grande conexão entre esporte e cultura. Eles realmente andam juntos e por isso nós queríamos abrir a loja no Brasil. Nós acreditamos que esse é um conceito que podemos levar para o resto do mundo, mas por que não começar no país que mais ama o futebol? E nós realmente vamos poder ver o sucesso que a loja será. Nós achamos que será ótimo. Nós vamos continuar monitorando e melhorando a loja, estamos muito empolgados com a mistura de futebol e lifestyle. Cultura e futebol andando juntos.

Máquina do Esporte: Essa é a tendência e também o próximo desafio para o futebol? Adotar a linha casual para crescer ainda mais em vendas?
Trevor Edwards: Quando olhamos para o futebol, pensamos em como o nosso negócio está crescendo. Se você voltar para 1994, com $$ 40 milhões, e agora, com $$ 2 bilhões. E todo mundo pergunta: “ok, como vocês competem?” Eu não acho que estamos competindo, mas sim pensando em como expandir o mercado. Como conseguir atrair mais pessoas para um jogo de futebol. Então, construir um estilo de vida ou uma cultura ligada ao esporte é uma peça chave para expandir o mercado. E é isso o que estamos fazendo. E isso é muito importante. Ao mesmo tempo, temos que ter certeza que estamos entregando produtos de alta performance. A Mercurial Superfly que acabamos de lançar é um ótimo exemplo de como estamos focados em criar o melhor design de produto possível. Esse produto é feito para corrida, para os corredores mais velozes do mundo.

Máquina do Esporte: O que a Nike planeja para o Brasil e América Latina nos próximos cinco anos?
Trevor Edwards: Se a Nike fosse um país, nós seríamos o Brasil. E por que eu disse isso? Porque os brasileiros têm uma paixão incrível por esportes. E uma paixão incrível por futebol. E eles também são muito criativos. E nós acreditamos que tudo isso fornece uma grande oportunidade para a nossa marca. Quando chegar a Copa do Mundo, a gente espera que nosso negócio atinja um bilhão de dólares. E dois anos depois, quando chegar as Olimpíadas, o Brasil será o nosso terceiro maior mercado no mundo, atrás dos Estados Unidos e China. O Brasil apresenta uma oportunidade incrível por causa dessa paixão por esporte, e nós podemos crescer com o negócio na parte de performance e também na de lifestyle. Vamos continuar crescendo por muitos anos.

Máquina do Esporte: A Nike fez uma pesquisa e o resultado foi que o brasileiro é o povo que menos pratica esporte. Como a Nike pode ajudar nisso?
Trevor Edwards: Uma coisa que eu sempre disse e que eu amo sobre o Brasil é a maneira como as pessoas praticam esporte. Você pratica esporte na praia, nas ruas, em qualquer lugar. Essa ideia de que podemos inspirar as pessoas a praticar esporte o tempo todo, e dar a elas acesso ao esporte, dar a elas a habilidade de chegar até os lugares, e não apenas ficarem para trás jogando videogames. Mas usar os videogames para te inspirar a sair e ser ativo. São nessas coisas que nós pensamos: dar às pessoas acesso ao esporte é tão importante quanto inspirá-las a praticá-lo.

Máquina do Esporte: E você acha que na Copa do Mundo e nas Olimpíadas você vai conseguir isso?
Trevor Edwards: Sim, eu acho. Como eu disse, acho que é uma coisa dos brasileiros. Eles realmente amam esportes. Então a pergunta é: o que os inibe de praticá-los? Ou pelo menos as gerações mais jovens de praticarem tanto quanto as anteriores faziam? E eu acho que eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, não importa onde você está, ou onde você assiste ao evento, você não tem como evitar a vontade de sair e fazer alguma coisa. Eu acho que é isso o que vai acontecer.

Máquina do Esporte: Por que vocês pararam com a Fuel Band?
Trevor Edwards: Não é que nós paramos com o negócio. Nós continuamos a suprir a demanda de Fuel Band no mercado, nós continuamos a apoiar o projeto com algumas variações, diferentes softwares. Mas uma das coisas que nós temos hoje, cerca de 28 milhões de pessoas no que nós chamamos Nike Plus Network, e isso inclui as pessoas que usam a Fuel Band. A nossa visão é termos 100 milhões de pessoas conectadas. E para crescer nessa proporção, nós achamos que era muito importante focarmos nas duas coisas: manter a Fuel Band que nós temos hoje. E mais importante, também expandir a experiência para mais consumidores. E nós fazemos isso por meio de parcerias. É por isso que lançamos o Fuel Lab em São Francisco. Porque nós trabalhamos com parceiros que podem ajudar a colocar a Fuel em movimento constante em mais aparelhos ao redor do mundo.

Máquina do Esporte: E como vocês farão isso?
Trevor Edwards: Eu acho que eles vão usar a Nike Fuel como um sistema. Mas uma das razões para nós criarmos a Fuel Band foi para tornar as pessoas mais ativas todos os dias. Para motivá-las. Nossa tarefa é trabalhar com outras pessoas para saber como vamos incorporar as coisas que nós já temos. Nós temos uma grande parceria com a Apple e nós vamos continuar com ela, ir em frente. Nós temos outros parceiros também conforme vamos indo mais longe com a nossa estratégia.

Máquina do Esporte: Qual será a estratégia para o e-commerce?
Trevor Edwards: O e-commerce está indo muito bem. No terceiro quarto cresceu 57%. E esse é um mercado inexistente. Quer dizer, recentemente nós melhoramos nosso e-commerce na China. Também fizemos algo parecido no Brasil há pouco tempo. Essa é uma área que nós vamos continuar focando. Os consumidores têm um acesso mais direto aos produtos que eles gostam, e nós achamos que é uma proposta muito simples. Porque as pessoas realmente querem ter a vantagem dos ótimos produtos, então nós temos que fazer com que os produtos sejam acessíveis a elas.

Máquina do Esporte: Como você faz para integrar todas essas coisas?
Trevor Edwards: Para nós, todas essas coisas trabalham juntas. Como você cria uma experiência para o consumidor entre escolher comprar, querer algo que te faz querer correr, ter algo que vai te ajudar a correr de verdade, e aí te servir o produto que você precisa para correr. Para nós, essa é a maior experiência pela qual a gente está trabalhando. E como nós costumamos dizer, isso é o futuro. Você junta todas as peças, o e-commerce, a habilidade de servir o consumidor, a habilidade de inspirar as pessoas. Todas essas três coisas funcionam.

Máquina do Esporte: Vocês pretendem fazer como a RedBull e passar a gerar mais conteúdo?
Trevor Edwards: Nós pensamos mais em como nós vamos continuar servindo o consumidor com as coisas que ele precisa. Como nós podemos ajudá-lo? Como podemos fazer para você ser mais ativo? Como podemos ajudar quando você sai para correr? Como podemos servi-lo quando você sai para correr? Que tipo de produto você realmente precisa? Você vai correr na chuva? Se nós soubermos disso, podemos ter a certeza que estamos oferecendo o produto certo para cada circunstância. Nós achamos que é aí que o mercado realmente está envolvido, e estamos trabalhando para termos certeza que estaremos entregando de acordo com a expectativa.

Máquina do Esporte: Qual é a expectativa para os Jogos Olímpicos do Rio?
Trevor Edwards: Nós nos aproximamos com uma estratégia com diferentes pontos de vista. O Brasil é um mercado pelo qual nós somos apaixonados. Nós achamos que a Olimpíada no Rio será incrível. A oportunidade de ser um parceiro esportivo é algo que nós achamos apropriado neste momento específico. Nós continuaremos a ser a marca que vai fazer tudo para ter certeza que irá suprir a demanda e dar aos atletas os melhores materiais para que eles usem. Nós temos ótimos uniformes, como sempre tivemos. Nós estamos muito excitados sobre como os Jogos Olímpicos vão dar energia para o mercado. E também para as pessoas apaixonadas por esportes. E, de novo, ter uma Olimpíada no Brasil? Isso é muito legal.

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