Professor grego aposta em favelas maquiadas em 2016

Vila Olímpica para 2016: legado para o luxo

Vila Olímpica para 2016: legado para o luxo

O Rio de Janeiro sediará cinco grandes eventos até 2016. Jogos Militares, Copa das Confederações, Copa do Mundo, Copa América e, finalmente, os Jogos Olímpicos de Verão. Uma série de obras será realizada para que a cidade esteja mais bem preparada para cada uma dessas datas. No entanto, um dos maiores problemas da metrópole carioca, a moradia, não terá como ser resolvido em seis anos. A solução, um grego aponta: esconder.

Durante o Seminário Impactos Urbanos e Violações de Direitos Humanos Nos Megaeventos Esportivos, o professor Stavros Stavridis, da National University of Athens, explicitou o mau uso dos Jogos Olímpicos de 2004 quando se tratou de legado na moradia. Dois exemplos foram citados: a Vila Olímpica e o conjunto habitacional Profygika.

O ponto do pesquisador de urbanismo na sua apresentação, ocorrida na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, é que a área em que já existia um conjunto para moradias populares, Profygika, foi ignorada. Já a Vila Olímpica ganhou essa função após os jogos, mas ficou abandonada graças a sua má localização.

“A Vila Olímpica foi construída no meio do nada, onde nem é cidade. Além disso, não era área para construção, já que tratava-se de uma zona em que a passagem do ar era importante”, afirmou Stavridis, lembrando do calor que faz em Atenas. O professor exibiu imagens que compravam o abandono do local seis anos após sua construção.

Por outro lado, Profygika, que fica em uma região central da cidade, não foi utilizado nos Jogos Olímpicos. O conjunto de prédio, construído no início do século XX para imigrantes turcos, enfrenta graves problemas estruturais e parte de suas instalações sequer podem ser utilizadas atualmente.

Como a imagem de Profygika exibia a face mais pobre da cidade durante os jogos olímpicos, a solução da prefeitura ateniense foi colocar um enorme toldo sobre a fachada dos prédios, com fotos de monumentos famosos da Grécia.

O alerta de Stavridis é que a solução deve ser usada em massa no Brasil, sem que haja uma preocupação social para o período posterior aos Jogos Olímpicos. “O que não quer se mostrar, se esconde”, afirmou. Placas publicitárias, lonas ou construções devem servir, segundo o estudioso, como meio para a prefeitura carioca expor apenas a faceta mais conhecida da bela capital fluminense.

Existe, claro, uma diferença gritante entre Atenas e Rio de Janeiro. “Não dá para comparar a realidade de Atenas com as cidades brasileiras na questão de moradia. Mas a questão é que megaeventos não são bons para essa moradia e não são bons para os mais pobres”, finalizou Stavridis, sinalizando com o estado mais desenvolvido da capital grega.

No Rio de Janeiro, a Vila Olímpica ficará na Barra da Tijuca, região afastada do centro carioca. Para as favelas que se espalham pela zona sul, a mais nobre da cidade, não há nenhum plano específico que visa os Jogos Olímpicos. No caso dos Jogos Pan-Americano, o local onde se hospedaram os atletas ficou longe dos mais pobres: o conjunto de prédios se transformou em moradias de alto padrão. A Vila Olímpica para 2016 deverá tomar o mesmo rumo.      

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