A diferença ficou clara entre as cinco apresentações da última quarta-feira, em Zurique: enquanto quatro candidatos a sediar a Copa do Mundo tentaram mostrar à Fifa o que o evento podia fazer por seus países, o Japão adotou via alternativa e se concentrou no que o país podia fazer pela competição. Nesta quinta-feira, o projeto conjunto de Espanha e Portugal escolheu uma terceira via e evitou tratar o torneio como realidade distante. Em vez disso, a proposta foi dizer que os países já estão prontos desde agora.
Esse tom esteve presente em todas as referências que a apresentação fez sobre infraestrutura, por exemplo. Espanha e Portugal valorizaram o fato de a região ter a maior via de trens de alta velocidade do planeta, 90 mil leitos de hotéis estabelecidos – o mínimo exigido pela Fifa é 85 mil – e estádios de alta qualidade.
Também foi esse o motivo de a candidatura ter citado o potencial turístico da região. Com 40 bilhões de euros por ano, o turismo ibérico é a segunda maior indústria do segmento em todo o planeta.
Espanha e Portugal também se gabaram da história que os países têm no futebol e da quantidade de entusiastas da modalidade na região. Diferentes dirigentes citaram na apresentação que há quatro milhões de pessoas que praticam o jogo nessa área.
A ideia de que a região já estaria pronta para a Copa do Mundo se a competição fosse agora apareceu até quando o assunto foi o legado que o evento pode deixar. “Nós temos uma ideia de inclusão social a partir da competição, e já mostramos o que pode acontecer com excelentes projetos que são desenvolvidos atualmente”, disse Gilberto Madail, presidente da Federação Portuguesa de Futebol.
Um exemplo do quanto o projeto aposta na estrutura que os países já têm é a situação dos estádios. Espanha e Portugal pretendem usar ao menos sete arenas sem que elas passem por nenhuma obra. A candidatura prevê construção de cinco aparatos e reforma de outros nove.
Até o desempenho recente de Espanha e Portugal no futebol se transformou em argumento da candidatura para mostrar o quanto a região está pronta para a Copa. “Não é por acaso que a magnífica seleção espanhola, atual campeã do mundo e da Europa, tem por base jogadores dessa geração. Não é por acaso que Portugal foi vice-campeão da Europa e chegou às semifinais da Copa do Mundo. Não é por acaso que alguns dos grandes ídolos do futebol mundial são portugueses ou espanhóis”, lembrou Madail.
A Fifa anunciará nesta quinta-feira os países escolhidos para sediar a Copa do Mundo em 2018 e 2022. Ainda haverá apresentações de Rússia e Inglaterra antes da votação do comitê executivo da entidade.