Quenianas flagradas no doping dizem que tiveram proposta de suborno

Joyce Zakari e Francisca Manunga, suspensas por doping

Duas atletas flagradas no antidoping às vésperas do Mundial de Pequim  acusam membro da Federação Queniana de Atletismo de ter pedido suborno para não divulgar o caso. Francisca Koki Manunga (400 m com barreiras) e Joyce Zakari (400 m) foram flagradas para o diurético furosemida, que é utilizado para mascarar o uso de outras drogas.

Segundo Manunga, Issac Mwangi, dirigente da federação, teria pedido a ela e a Zakari dinheiro para “resolver a situação”. As duas atletas foram suspensas por doping no último dia 27 de novembro.

“Ele pediu 2,5 milhões de xelins [cerca de R$ 97 mil]. Não tínhamos isso. Nunca vi tanto dinheiro. Comecei a carreira profissional há pouco tempo e ainda não consegui juntar muito recurso”, afirmou Koki Manunga, em entrevista à agência France Presse.

Nos últimos quatro anos, cerca de 40 atletas quenianos foram suspensos por doping, número que leva a federação local a temer uma punição semelhante à levada pela Rússia, suspensa de todas as competições internacionais desde 13 de novembro.

A Wada (Agência Mundial Antidoping) divulgou comunicado oficial dizendo estar “extremamente perturbada” em relação ao caso. A agência nomeou uma Comissão Independente, dirigida por Dick Pound, ex-presidente da entidade, para investigar os casos de doping no atletismo. As investigações da Wada é que sugeriram a punição para a Rússia.

“A Wada está ainda mais estarrecida por esses relatos sobre extorsão e propina em nível nacional, que soa estranhamente semelhante ao que vimos na recente investigação da Comissão Independente sobre doping generalizado no atletismo internacional”, afirmou David Howman, diretor-geral da Wada.

A entidade afirmou que pedirá informações mais detalhadas sobre o caso para determinar se esse episódio entrará nas investigações da Comissão Independente ou será atribuição da própria Iaaf (Associação Internacional das Federações de Atletismo), através de sua Comissão de Ética.

A entidade criticou o fato de o Quênia, uma das principais potências do atletismo mundial, não contar com uma agência independente para centralizar os controles antidoping do país. “Esse é um passo vital a ser tomado para proteger de maneira eficaz os atletas limpos”, afirmou Howman. 

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