Rebelo tem histórico de embates com governo e CBF

O novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo (PC do B-SP), levará para a pasta um histórico de embates com alguns de seus principais interlocutores na nova função. Como deputado, ele já teve colisões com o governo federal e com Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira (CBF) e do comitê organizador local (COL) da Copa do Mundo de 2014, com quem reatou amizade posteriormente.

Rebelo, 55, divergiu do governo federal ao relatar o Código Florestal. Ele foi presidente da C”mara até 2007, ano em que comandou o plano de alteração da legislação, e não abriu mão de três pontos polêmicos: anistia a pequenos produtores que tenham desmatado áreas de reserva legal, a possibilidade de Estados e municípios estipularem regras para produção em áreas de preservação permanente e a manutenção de atividades consolidadas nessas regiões, como o cultivo de maçã e café.

Os três tópicos desagradaram o governo federal, que chegou a negociar durante semanas com Rebelo para mudar o texto. A despeito de ser da base aliada, ele não foi demovido da ideia original.

No entanto, esse episódio não abalou tanto o relacionamento de Rebelo com o governo como a rusga gerada entre o novo ministro e Ricardo Teixeira. Tudo porque o deputado presidiu a CPI da CBF∕Nike entre 2000 e 2011.

Aquela comissão investigou detalhes do contrato entre CBF e a fornecedora de material esportivo, assinado em 1996, e as revisões posteriores no documento. O primeiro acordo dava à empresa o direito de marcar cinco jogos por ano para a seleção brasileira, mas isso foi inviável nas temporadas seguintes.

Com a diminuição do número de jogos, o contrato precisou ser adaptado e a Nike teve uma contrapartida financeira. Isso comprometeu a receita da CBF em vários jogos.

A comissão durou até 2001, quando o deputado José Rocha, então filiado ao DEM, apresentou um texto alternativo para o resultado final da CPI. Na proposta, as 33 sugestões de indiciamento foram excluídas – entre elas, a do próprio presidente da CBF.

Dos 25 integrantes da CPI, 19 deputados assinaram o documento alterado. Rebelo optou então por encerrar a comissão sem a aprovação de um relatório final. Ele e o deputado Silvio Torres, relator do projeto, encaminharam a apuração a órgãos como Polícia Federal, Receita Federal e Ministério Público.

Rebelo e Torres ainda publicaram um livro com os resultados da CPI, mas Ricardo Teixeira obteve liminar em 2002 e conseguiu recolher todos os exemplares.

A relação de Rebelo com Ricardo Teixeira, porém, mudou drasticamente nos anos seguintes. Inimigos na época da CPI, os dois reataram laços de amizade.

Rebelo é deputado federal desde 1991. Além da presidência da C”mara, ele foi líder do PC do B e do governo, e ocupou entre 2004 e 2005 o Ministério de Relações Institucionais da gestão Luiz Inácio Lula da Silva.

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