O assunto parecia esgotado, mas a polêmica em torno de um dos patrocinadores dos Jogos Olímpicos de Londres-2012 ainda está longe de acabar. Nesta semana, reportagem publicada pelo jornal “The Independent” retomou discussão sobre a participação da Dow Chemical no evento.
O cerne do problema é a Union Carbide, companhia que é propriedade da Dow Chemical. A empresa causou em 1984 o maior acidente industrial da história da Índia, e até hoje enfrenta o governo local nos tribunais para determinar as consequências.
Naquela época, um vazamento de 40 toneladas de gases tóxicos matou quase dez mil pessoas em apenas uma noite. A Union Carbide chegou a desembolsar 300 milhões de libras como indenização pelo caso, mas o governo exige 1,1 bilhão de libras da empresa.
A Dow Chemical, proprietária da Union Carbide, fechou um aporte de sete milhões de libras para viabilizar a cobertura do estádio olímpico. Em novembro do ano passado, um grupo de atletas da Índia chegou a elaborar uma petição por um boicote do país a Londres-2012, projeto endossado pelo ministro do Esporte indiano, Shivraj Singh Chauhan.
O projeto foi rechaçado pelo comitê olímpico indiano. Dias depois de a petição ter se tornado pública, a entidade emitiu comunicado oficial para dizer que não considerava a possibilidade de boicote aos Jogos.
No entanto, a celeuma causou uma vítima. Meredith Alexander, responsável pelo comitê de ética do comitê organizador local dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, deixou o cargo porque “não queria ser cúmplice da defesa da Dow Chemicals”.
Em janeiro, a Anistia Internacional emitiu nota em que condenou o negócio. O texto diz que o contrato com a Dow Chemical “não considerou direitos humanos”.
Tudo isso vinha sendo ignorado pelo comitê organizador local. No entanto, reportagem do “The Independent” revela existência de documentos que comprovam crimes da Union Carbide. E pior: que essas práticas seguem sendo adotadas.
O comitê organizador local segue em silêncio sobre a polêmica em torno do aporte da Dow Chemical.