Rio vive inferno astral a 30 dias de Jogos 2016

Eduardo Paes na Transolímpica, que liga o Recreio a Deodoro 

A 30 dias da 31ª Olimpíada da Era Moderna, o Rio de Janeiro não terá legado em sustentabilidade, pecou na segurança, viu o governo decretar estado de calamidade pública e atletas desistirem por medo do zika. De quebra, entregou, há dez dias, o Velódromo, a última arena dos Jogos Olímpicos. Inacabado.

O orçamento para o Rio 2016 sofreu contínuos reajustes pela APO (Autoridade Pública Olímpica). O último, em fevereiro, atingiu R$ 39,1 bilhões (US$ 12,11 bilhões). Em março, o Comitê Organizador divulgou cortes de R$ 900 milhões em infraestrutura das instalações esportivas, o que irritou muitas federações internacionais.

A tentativa de conter o gigantismo do megaevento, porém, segue determinações do COI (Comitê Olímpico Internacional) através da Agenda 2020. O documento, divulgado no ano passado, que tenta conter os gastos, terá validade mais efetiva para Tóquio-2020. O Rio, porém, apresenta no momento custo 15,3% inferior ao que foi Londres-2012.

Esses números poderiam ser sinal de eficiência. A história não é bem essa. O Brasil não entregou nenhum legado ambiental prometido pelo dossiê de candidatura. A baía de Guanabara permanece poluída, o que irá interferir na maratona aquática e na vela. Londres reurbanizou uma área extensa de sua região leste, inaugurando o maior parque público em 150 anos.

Há temas mais espinhosos. “O Estado está fazendo um trabalho horrível. O governo está falhando completamente em seu trabalho de policiar e cuidar das pessoas.”

A frase acima não foi dita por algum crítico radical dos Jogos, mas pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes, ao comentar a segurança em entrevista à CNN. Motivos para isso não faltam. Em maio, em um caso de muita repercussão, uma menina de 16 anos foi vítima de estupro coletivo no Morro do Barão, na zona oeste.

Um mês antes, uma ressaca derrubou trecho de 20 metros da ciclovia Tim Maia, um dos legados de mobilidade. Outro deles, o metrô até a Barra da Tijuca, será inaugurado só em 1º de agosto, quatro dias antes do acendimento da pira olímpica.

Olimpíada que ficará desfalcada do golfista Hideki Matsuyama. O japonês é o sexto competidor entre os 20 primeiros do ranking a desistir da Olimpíada por medo do zika vírus.

A 30 dias dos Jogos, sobram problemas e faltam soluções para os Jogos do Rio 2016.

 

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