Reforçada pela chegada da Copa do Mundo e pela necessidade de renovar arenas no Brasil, a construção de novos estádios tem sido prospectada com um valor até então quase desconhecido: venda de naming rights. Exemplos emblemáticos, Corinthians e Palmeiras pretendem construir novos locais e amealhar algo em torno de R$ 20 milhões e R$ 15 milhões anuais com a propriedade.
Entre especialistas, entretanto, não há quem consiga cravar um preço ideal para naming rights no Brasil. A única referência, o negócio feito entre Atlético Paranaense e Kyocera, pouco contribui para a valorização da nomenclatura, por ter envolvido outras propriedades, como exposição de marca em camisa. A escassez de vendas similares dificulta o consenso no assunto.
“É muito difícil chegar a um valor porque nunca aconteceu antes”, justifica Luiz Roberto Martins Castro, sócio da Martins Castro Monteiro Advogados, empresa que reprensentou juridicamente a Amsterdam Arenas. “É errado comparar com o mercado americano porque eles pensam em outras coisas, que não lucro, então existe “achômetro”, mas dar o número cravado é muito improvável”.
A opinião é compartilhada por Fábio Wolff, diretor da agência Wolff Sports & Marketing, especializada em marketing esportivo. Valorizar um patrocínio, sugere o especialista, se torna uma prática viável pela possibilidade de comparar com negócios anteriores, mas naming rights ainda não tiveram oportunidades sólidas no Brasil.
“Daria para compará-los com estádios da Europa, mas a maioria trabalha com valores menores”, ressalta Wolff, em referência a estádios como Allianz Arena, na Alemanha, utilizado durante a Copa do Mundo de 2006. O diretor arrisca dizer que o valor esperado pelo Corinthians com a arena em Itaquera é alto. “Não impossível, mas alto”, pondera.
O uso do local durante o Mundial, porém, não deverá elevar o preço dos naming rights, conforme lembra Eduardo Castro Mello, da Castro Mello Arquitetos. O nome da empresa que possivelmente irá se vincular ao Corinthians será impedido durante a realização da competição por normas da Fifa. “É uma negociação complicada porque se fechar agora com um patrocinador, ele saberá que não irá aparecer durante a Copa”.
Em síntese, todos os profissionais envolvidos direta ou indiretamente na valorização de naming rights, entre especialistas em marketing esportivo, advogados e arquitetos, são pouco capazes de estimar preço preciso para a propriedade. A Corinthians e Palmeiras, portanto, cabe a tarefa de realizar as negociações sem referência no país. “Não há uma tabela de preços para isso”, finaliza Mello.