Sem salários, atletas do Racing abandonam Copa do Rei

Jogadores exigem renúncia de presidente e conselho - Crédito Reprodução / YouTube

Jogadores exigem renúncia de presidente e conselho – Crédito Reprodução / YouTube

O Racing Santander entrou em campo nesta quinta-feira (30) para enfrentar o Real Sociedad em partida válida pelas quartas de final da Copa do Rei. Entrou em campo, mas não jogou. Com três meses de salários atrasados, os jogadores decidiram cumprir a ameaça que fizeram de entrar em greve e abandonaram o torneio.

Os atletas entraram em campo, aqueceram-se, cumprimentaram os jogadores da outra equipe e ficaram parados, abraçados, enquanto o Real Sociedad deu a saída de bola. Os adversários trocaram passes e jogaram a bola para fora. O árbitro Gil Manzano, então, perguntou se alguém do Racing iria cobrar o lateral. O goleiro respondeu que não, e o juiz encerrou a partida. A torcida aplaudiu os grevistas.

Antes do começo da partida, os jogadores avisaram que não entrariam em campo e exigiram a renúncia do presidente, Ángel Lavín, mais todo o conselho de administração. Horas antes, eles já tinham se encontrado com Luis Rubiales, presidente da Associação de Futebolistas da Espanha (AFE). O representante do sindicato confirmou ao jornal espanhol “El País” que o Racing não iria voltar atrás da decisão de não jogar. O clube, portanto, está eliminado da Copa do Rei.

No dia 8 de janeiro, os jogadores ficaram sem jogar por cerca de 30 segundos no jogo contra o Almería, pela mesma Copa do Rei, para protestar. Na última segunda-feira, dia 27, eles divulgaram um comunicado que exige a renúncia imediata de Lavín, caso contrário não entrariam em campo nesta quinta. Dito e feito. 

A crise financeira do Racing fez com que quatro jogadores deixassem a equipe na janela de transferências deste mês: Agustín, Nieto, Sotres e Kone. O caso mais grave acontece no time B do clube. Sem salário desde agosto, o goleiro Oumar Diaby mora de favor em um quarto emprestado, próximo da miséria, segundo uma reportagem do jornal “Marca”. O salário prometido a Diaby era de 450 euros, mais aluguel e alimentação. Ele aceitou porque achou que, na terceira divisão do futebol espanhol, poderia conseguir alguma oportunidade.

A crise no Racing

Os problemas financeiros da equipe espanhola começaram em 2011. Em janeiro daquele ano, Ashan Ali Syed comprou o clube por meio de sua empresa, a WGA. Ele prometeu 15 milhões de euros em troca das ações da Dumviro Ventures, empresa de Jacobo Montalvo, então dono do clube, e assumiu uma dívida de sete milhões de euros com o governo espanhol. Mas pagou apenas 500 mil euros.

Em agosto de 2011, o clube pediu falência. Em setembro, Montalvo entrou na Justiça e pediu de volta as ações das quais que era dono. Em maio de 2013, Ali Syed renunciou a 99% das ações, e o conselho do clube aprovou, em junho, ampliar o capital de 4,5 milhões de euros. Em setembro, a operação foi concluída, mas nenhum novo comprador apareceu para assumir a equipe.

Em novembro de 2013, a Justiça decidiu que as ações seriam devolvidas a Montalvo. O conselho do clube, montado por Ali Syed, recorreu da decisão, e um resultado definitivo ainda não foi dado. Ángel Lavín, presidente que, agora, enfrenta as exigências de renúncia dos atletas, foi nomeado em 2012 por Ali Syed, quando o empresário ainda estava no comando.

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