Sem transferências de atletas, receita do São Paulo cai 10% em 2013

Sem a raríssima receita que teve com vendas de jogadores, jogadas para as alturas pela entrada de R$ 86,5 milhões líquidos só com a transação de Lucas para o Paris Saint-Germain, o São Paulo marcou uma queda de 10% no faturamento em 2013. As receitas somaram R$ 213,9 milhões em 2013, sem contar com R$ 147,9 milhões arrecadados com transferências, contra R$ 236,6 milhões de 2012, quando o clube faturou R$ 46,2 milhões com jogadores.

A maior “culpada” pelo recuo é a TV. O valor pago pela Globo em 2012 pelos direitos de transmissão da equipe paulista foi atipicamente elevado para R$ 112,4 milhões, quase o dobro dos R$ 67,1 milhões de 2011, porque incluiu bônus por assinatura de contrato, as chamadas luvas. Em 2013, esta fonte de receita caiu para R$ 72,3 milhões e correspondeu por 34% de todo o faturamento são-paulino (sem atletas), quando, em 2012, esta proporção era de 48%.

O departamento de marketing se recuperou de um ano trágico em 2012 e chegou ao valor mais alto na história do clube. Os R$ 52 milhões arrecadados com patrocínios, publicidade e licenciamentos equivaleram a 24% da receita, quase duas vezes mais do que os R$ 27,8 milhões de 2012, um ano que o São Paulo passou a maior parte sem patrocinadores.

Os números mostrados pelo balanço, aliás, confirmam uma velha notícia: os R$ 35 milhões que o São Paulo disse ter acertado com a Penalty em janeiro de 2013 não são totalmente pagos em dinheiro. Em 2013, entraram R$ 33 milhões a título de “patrocínio e publicidade”, um item que inclui também os contratos com Semp Toshiba, Wizard e TIM. O valor do acordo com a fornecedora envolve uma estimativa do custo dos materiais esportivos que são fornecidos.

Entre outras receitas relevantes, os são-paulinos conseguiram dobrar o valor recebido de sócios-torcedores, de R$ 3,7 milhões em 2012 para R$ 7,1 milhões em 2013, beneficiados pelo movimento que a Ambev iniciou para dar descontos a associados. O estádio do Morumbi teve uma queda de alguns milhões, de R$ 36,2 milhões para R$ 29,8 milhões, entre uma temporada e outra, mas ainda corresponde a 14% da receita sem atletas. Os ingressos se mantiveram estáveis, com R$ 24,4 milhões arrecadados contra R$ 25,4 milhões da temporada anterior.

Por que não considerar vendas de atletas?
O valor obtido com transferências de jogadores não é uma prática adotada na maior parte do mundo, sobretudo na Europa, porque esta é uma receita que tem grandes variações de uma temporada para a outra e que camufla a real capacidade de uma gestão de ganhar dinheiro.

Há, evidentemente, clubes que montam uma estratégia de negócios voltada para investimentos em categorias de base e vendas de atletas, mas mesmo assim é uma fonte de dinheiro bastante irregular. O São Paulo é um dos melhores exemplos brasileiros de ganhar dinheiro com a exportação de jogadores, e o próprio São Paulo nunca havia chegado próximo de conseguir tanta verba em uma só temporada com esta fonte. O pico mais alto registrado nos balanços financeiros desde 2005 foram os R$ 76,1 milhões de 2007, quase a metade de 2013. Nos outros anos, esta receita variou entre R$ 14,4 milhões (2009) e R$ 46,3 milhões (2012).

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