Bernardinho não é mais técnico da seleção de vôlei. A CBV anunciou na quarta-feira (11) que o técnico deixará o comando do time; Renan Dal Zotto, gestor de seleções da entidade, assume o posto de líder da equipe nacional. Dessa maneira, a modalidade vê o afastamento de um dos maiores símbolos de vitória do esporte brasileiro.
Na última década, Bernardinho se tornou um dos rostos mais conhecidos do esporte nacional. Acostumou-se, então, a ser uma celebridade desse meio, com vistosos patrocínios e convites para eventos diversos.
Seu jeito explosivo nas quadras, quase caricato, marcaram o vôlei brasileiro. Foram duas medalhas de bronze em Jogos Olímpicos com a seleção feminina, e duas de prata e mais duas de ouro com o time masculino. A última, por sinal, em solo brasileiro, no Rio 2016, coroando sua passagem de 16 anos à frente do time nacional.
Por carisma e esporte, Bernardinho se tornou uma das figuras mais presentes na publicidade. Nos últimos anos, especialmente com o ciclo olímpico que abrangia o evento no Rio de Janeiro, o técnico da seleção foi o rosto de marcas como Unilever, Oakley, Liberty Seguros e Olympikus.
Com a Liberty e com a Unilever, até os familiares foram envolvidos em comerciais. Seu casamento com Fernanda Venturini e o sucesso de seu filho Bruninho aumentaram a ‘aura’ sobre o nome do treinador.
Ajudou o técnico nesse processo seu posicionamento como “líder ideal”. Suas palestras rendiam cerca de R$ 50 mil, enquanto seu livro, “Transformando o suor em ouro”, se transformou em sucesso de autoajuda nas prateleiras de lojas pelo Brasil.
Bernardinho se manteve forte mesmo durante as polêmicas que envolveram seu nome. Foi assim na briga com Ricardinho, em 2007, e, principalmente, na acusação de entregar uma partida no Mundial de 2010, para pegar um adversário mais fraco, fato sempre negado pelo treinador.
Sua última polêmica foi se envolver no escândalo entre CBV e Banco do Brasil, que resultou no afastamento do ex-presidente Ary Graça. O técnico chegou a ser apontado como fonte de informações que vazaram para a imprensa, fato que ele também nunca admitiu.
Com a saída de Bernardinho, o vôlei brasileiro deixa de ter o comando de um técnico vencedor. Para o mercado, esse é o afastamento de um porto seguro dentro do esporte nacional.