O fuso horário da Rússia, seis horas à frente do Brasil, fez da Copa de 2018 uma loteria para o comércio. E, levando-se em consideração o movimento do varejo nos dois primeiros jogos da seleção, somente os donos de padaria têm motivos para sorrir com o Mundial da Rússia até o momento.
A Máquina do Esporte teve acesso a um estudo feito pela empresa de meios de pagamento Cielo com o Impacto no Consumo do Varejo (ICVA) no domingo (17), dia da estreia brasileira na Copa, e sexta-feira (22), quando a seleção fez o segundo jogo.
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Segundo os dados levantados pela empresa, a queda no varejo foi brusca nos dois dias da semana (24,7% a menos de vendas no domingo e 19,8% na sexta-feira). O único tipo de estabelecimento que teve um acréscimo foi a padaria, que na sexta-feira vendeu cerca de 7% a mais do que o normal para os dias. Até mesmo essa melhora tem explicação. Com o jogo às 9h da manhã, as padarias tiveram um sensível acréscimo de vendas nas duas horas anteriores à partida e no intervalo.
O comportamento, porém, é a exceção. De acordo com o levantamento, o dia de jogo do Brasil claramente faz as pessoas reduzirem drasticamente o consumo no horário da partida. O segmento que mais esfria é o de móveis e eletrodomésticos, que não consegue recuperar-se ao longo de todo o dia. No domingo, a queda de vendas foi de 48% em relação a um domingo normal. Na sexta, chegou a 29%.
Até mesmo nos bares há uma queda de arrecadação (6,8%). O comportamento do consumidor, porém, é atípico. A mensuração, feita apenas no domingo, quando o Brasil jogou às 15h, mostra que o consumo reduz absurdamente durante os dois tempos da partida. No intervalo, ele aumenta e, na hora do término do jogo, quando geralmente as pessoas que estão no estabelecimento pagam a conta, o número de transações aumenta sensivelmente. O problema é que, ao longo do restante do dia, o consumo ficou abaixo daquele de um domingo comum.
Nos restaurantes, o fuso horário intrferiu diretamente no consumo. Na sexta-feira, como o jogo do Brasil terminou por volta de 11h, as pessoas entraram mais tarde no trabalho. Com isso, o horário de almoço foi alterado, causando uma queda de arrecadação no pico de funcionamento, entre 12h e 14h (13% a menos).
Os supermercados também sentiram o impacto da Copa. As vendas foram maiores nas horas anteriores aos jogos do Brasil, mas, posteriormente, o movimento caiu, causando queda de 18,7% na venda na sexta-feira e apenas 2% no domingo.