O estouro do escândalo de corrupção que culminou na prisão de sete dirigentes do futebol há dois dias não impediu a Fifa de realizar suas eleições presidenciais nesta sexta-feira. Pressionado pela Uefa, patrocinadores e diversas federações nacionais, Joseph Blatter, 79 anos, tentará emplacar seu quinto mandato consecutivo.
Seu único opositor, além da crise instaurada na entidade, é o príncipe da Jordânia, Ali Bin Al Hussein, de 39 anos, que ganhou o apoio da Uefa logo após as prisões em Zurique, na Suíça. A entidade europeia estima que o jordano pode receber até cem votos entre as 209 federações presentes no pleito.
No currículo, Al Hussein tem a vice-presidência da Fifa na Ásia desde 2011, o comando da Associação Jordana de Futebol desde 1999 e a fundação do projeto para o desenvolvimento do futebol asiático. Entre suas propostas estão a redução do mandato à frente da Fifa de quatro para dois anos, a ampliação da Copa do Mundo para 36 seleções e a restauração do rodízio de continentes dos países anfitriões do torneio.
Blatter não chegou a criar um manifesto eleitoral e levou sua candidatura na base sua influência que exerce sobre as federações. Nos últimos anos, seu discurso bate em cima da promoção do futebol feminino, melhorias na assistência médica aos jogadores e consolidação das relações com os parceiros comerciais da Fifa, justamente aqueles que vieram a público cobrar transparência e ética da entidade nos últimos dias.
Amplo favorito antes da crise, o suíço também joga contra as acusações de trabalho escravo nas obras para Copa do Mundo do Qatar. A situação dos operários já tinha gerado problemas entre a Fifa e os patrocinadores na semana passada.
Nesse cenário, o próprio Blatter admitiu dias sombrios para o futebol. “Os próximos meses não serão fáceis para a Fifa. Estou certo que mais notícias ruins podem aparecer. Mas é necessário começar a restaurar a confiança na nossa organização. Deixemos esse ser o ponto da virada”, disse o dirigente na abertura do 65º Congresso da Fifa.
Caso Blatter seja reeleito, Michel Platini não descartou a hipótese de boicote das seleções europeias à Copa do Mundo de 2018, na Rússia.