A situação de inadimplência da maioria das equipes da Espanha atinge em particular dois clubes tradicionais: Zaragoza e Osasuna.
No caso do time do sul da Espanha, parecia que os problemas financeiros haviam sido sanados com a compra da equipe pela Fundação Zaragoza 2032, encabeçada pelo presidente da Telefónica, César Alierta, em julho. O presidente do clube, Christian Lapetra, alertou que o clube corre risco “certo e real” de desaparecer.
O motivo é a reclamação da Fazenda do pagamento de dívida de € 25 milhões, vencida em setembro. O governo exige o pagamento imediato de € 18 milhões. Apelidado de Magnífico nos anos 60, campeão da Recopa em 1995 contra o Arsenal e dono de seis títulos da Copa do Rei, o clube corre o sério risco de fechar. O clube disputa, pelo segundo ano seguido, a Série B da Espanha, na qual ocupa a oitava posição. Com a inadimplência, corre o risco de nem chegar ao fim do campeonato. “Podemos desaparecer nesta temporada”, afirma Lapetra.
Se isso acontecer, o Zaragoza terá o mesmo destino que equipes tradicionais do país, como o Salamanca, fechado no ano passado, o Logroñes, liquidado em 2009, e o Extremadura, que encerrou as atividades em 2010.
“O desaparecimento do Zaragoza traria um grande dano ao erário público, já que o valor liquidado seria zero, em caso de dissolução. A agência tributária não recuperaria nada”, afirmou Fernando Sáinz, membro do Conselho de Administração do clube.
A situação do Osasuna, 16º colocado da segunda divisão, não é muito melhor. “Vamos entregar o patrimônio do clube ao governo de Navarra”, afirmou Javier Zabaleta, presidente da junta gestora. “O Osasuna está na UTI, mas com a aprovação da proposta, voltará a respirar”, acrescentou Ángel Larrea, membro da junta gestora do time.
O estádio El Sadar, as instalações do centro de treinamento e todos os imóveis serviriam para diminuir a maior parte da dívida do clube com o fisco, que atinge € 49,5 milhões. O clube da Navarra se compromete a recuperar esses bens em um prazo de 30 anos, com o pagamento anual de € 250 mil caso a equipe se mantenha na segunda divisão, e € 1,5 milhão caso suba para a elite. O clube também cederia 50% do faturamento obtido na negociação de atletas.
O plano de viabilidade do Osasuna agora terá que ser aprovado pelo Parlamento foral de Navarra, que é quem cuida do débito na região.
O Osasuna ficou 36 temporadas na primeira divisão e 33 na Série B. É um dos quatro únicos clubes cujos proprietários são os sócios, e não uma sociedade anônima esportiva.