A Uefa definiu nesta quinta-feira (28) a sua participação nas eleições presidenciais da Fifa marcadas para amanhã. A entidade comandada por Michel Platini desistiu do boicote ao pleito e reiterou se apoio ao único opositor de Joseph Blatter, o príncipe da Jordânia Ali Bin Al Husein, de 39 anos. O dirigente foi contundente nas críticas ao escândalo de corrupção que assolou o futebol mundial e chegou a pedir a renúncia de Blatter antes do evento da próxima sexta-feira.
“Eu pedi para ele se demitir, deixar o comando porque a Fifa está passando por uma imagem terrível.Temos o mesmo presidente desde 98. Isso não é cabível. Precisa acabar. Se vamos apoiar em massa o Ali é porque confiamos na vitória, sim. Não faço contas, mas há chance”, disse Platini. A expectativa é de que Ali consiga ao menos cem votos nas eleições.
A tendência é de que a Fifa confirme o pleito nas próximas horas. Apesar de não falar oficialmente sobre o adiamento das eleições, Blatter aguardava a decisão da Uefa para a manutenção da agenda. O dirigente suíço, inclusive, cancelou sua participação em um evento sobre medicina esportiva para acompanhar a reunião comandada por Platini.
Blatter analisa ainda a situação do mercado, principal opositor do mandatário da Fifa neste momento. Adidas, McDonalds, Coca-Cola, Budweiser, Nike e Visa pediram transparência nas investigações. A empresa de cartões chegou a dizer em seu comunicado que irá reavaliar o patrocínio à entidade dependendo da reação da federação às investigações do Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
“Nosso desapontamento e preocupação em relação à Fifa com a evolução dos acontecimentos de hoje é profundo. Como patrocinador, esperamos que a Fifa tome medias rápidas e imediatas para resolver questões internas da organização. Isso começa com a reconstrução de uma cultura com fortes princípios éticos para restaurar a reputação do jogo para os torcedores de todo o mundo”, afirmou a empresa em comunicado oficial.
O escândalo sacudiu o mundo do futebol no dia seguinte à divulgação dos “anti-logos” das empresas associadas à entidade. As imagens foram publicadas pelo site The Roosevelts e mostra novos desenhos para as marcas alusivos à escravidão, numa crítica à situação dos trabalhadores envolvidos no projeto Qatar 2022.
Na semana passada, ONGs lideradas por Jaimie Fuller, CEO da empresa de roupa esportiva Skins, pediram aos patrocinadores para tomarem uma posição sobre os abusos aos envolvidos da construção civil no país asiático. Os ativistas divulgaram que para cada jogo da Copa do Mundo já morreram mais de 62 trabalhadores. Na ocasião, Visa, Coca-Cola e Adidas cobraram a Fifa sobre a violação aos direitos humanos.