Valorizada, janela de transferências tem até investigação

A valorização da transferência de atletas pelo mundo tem feito com que o período chamado de “janela de transferências”, quando estão abertas as negociações entre os clubes, se transforme num negócio cada vez mais profissional, criando mercado para empresas especializadas em investigação.

Neste ano, a Kroll, empresa com sede nos Estados Unidos, tem feito no Brasil um trabalho de monitoramento de atletas que despertam interesse de clubes do exterior.

“Já temos sido requisitados, especialmente pelo nosso time de fora, reprentando um grande clube europeu para comprar um jogador no país, por exemplo. O que a gente faz é mapear os envolvidos (jogador, clube, agente) e fazer um trabalho de due dilligence, que é identificar a quem o jogador está ligado, qual a sua associação com empresas, com políticos, a sua reputação”, afirma Ian Cook, diretor da Kroll e responsável pela área de esportes, criada este ano no país.

O relatório da empresa não é conclusivo. Ela apenas aponta possíveis riscos da contratação. Por questões contratuais, a empresa não pode revelar quem é contratado por ela, mas Cook afirma que, no Brasil, as entidades ainda não têm tido o costume de usar os serviços.

“Como nosso serviço precisa geralmente de muito sigilo, temos dificuldade por conta da estrutura política dos clubes, que precisam de aprovação dos conselhos para fazer uma contratação. Isso inviabiliza muitas vezes o negócio”, diz Ian.

O caso mais midiático da empresa no Brasil até agora foi o do Palmeiras, que contratou a Kroll para apurar uma possível interferência externa na arbitragem na final do Campeonato Paulista contra o Corinthians.

Para além desse tipo de investigação, um nicho que a empresa tem prestado serviços é na análise de comportamento em redes sociais para marcas e clubes.

“Se uma marca ou um clube está estudando a contratação de um determinado atleta, a gente consegue trazer, num relatório, sem fazer juízo de valor, como ele e seus amigos e parentes se comportam. Isso ajuda a determinar tipos de comportamento, a fazer prevenções. É um serviço que tem crescido. Há uma preocupação maior. Do clube e do patrocinador, em saber o histórico dos atletas”, complementa o executivo.

Na Inglaterra e nos Estados Unidos, a Kroll já tem conseguido fechar com clientes fixos, que fazem pedidos recorrentes de serviços. Por aqui, a empresa ainda espera uma maior profissionalização da indústria para conseguir chegar a esse patamar.

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