Quando o Vasco entrar em campo no próximo sábado, contra o Ceará no Maracanã lotado, ele irá disputar mais do que seu retorno à principal divisão do Campeonato Brasileiro. Sua saúde financeira também estará em jogo. Caso não consiga êxito, o clube terá que conviver com acentuada escassez de caixa na próxima temporada.
A questão mais grave estará no valor recebido de televisão. Em 2015, o clube arrecadou R$ 104 milhões com direitos televisivos, o que não sofreu alteração significativa neste ano. No entanto, caso permaneça na Série B, o cenário muda. Nesse caso, o time tem uma perda de 25% do valor, algo previsto no contrato com a Globo. Dessa maneira, caso não tenha sucesso no sábado, o clube terá que trabalhar na próxima temporada com um desconto mínimo de R$ 25 milhões.
O clube também poderá lamentar o dinheiro que certamente entraria nos cofres com a classificação à Série A. Somente em premiação, o retorno daria à equipe um bônus de R$ 1,5 milhão, oriundo do contrato com a Caixa.
O banco estatal, por sinal, deverá se manter com o clube em 2017. A empresa tem um critério próprio de pagamento por patrocínio conforme a divisão em que o time atua. Esse é o argumento da Caixa para manter o valor de aporte ao Vasco menor do que o de outros clubes, mesmo com uma exposição alta da marca com a equipe carioca. De qualquer forma, o marketing vascaíno poderia contar com um aumento nos valores que envolvem a parceria com a companhia caso jogue a Série A.
Ainda há outros fatores que deverão complicar a vida financeira do time. Neste ano, o clube disputou a Série B pela terceira vez em dez anos. E, definitivamente, houve pouco apelo do time com a torcida durante o torneio nacional.
Para o sábado, todos os ingressos do Maracanã foram vendidos, uma raridade para o clube neste ano. A média de público do Vasco na Série B foi de apenas 4,5 mil pessoas. Mesmo com a segunda maior receita em bilheteria da divisão, com R$ 2,8 milhões, o clube ficou longe de seus principais rivais da Série A. Já o programa de sócio-torcedor, lançado neste ano, em nenhum momento decolou. Hoje, são 11 mil associados, o que deixa a equipe na 17ª posição do Movimento por um Futebol Melhor.
Mensurar o efeito de uma quarta participação na Série B não é simples, mas é difícil enxergar essa possibilidade de forma otimista. Cortes seriam necessários, e o futebol ficaria mais difícil.