O caso Boa Esporte com o goleiro Bruno é emblemático: ele é o ápice da ideia que permeia muitos clubes brasileiros, de que exposição e visibilidade são sinônimos de comunicação e marketing. Nessa linha, contratar alguém envolvido em um crime hediondo poderia ser uma boa ideia porque colocaria o time em evidência no país.
Para alguém com bom senso, o plano parece cômico, mas ele claramente teve eco. O próprio patrocinador principal abraçou a ideia, certamente na esperança de ter a marca em destaque. Demorou poucas horas para perceber o óbvio: esse não é o tipo de associação que vá gerar benefícios à empresa patrocinadora. Ao contrário, gerou uma enxurrada de críticas.
Claro que esse é um caso extremo, mas a ideia de que vale tudo pela visibilidade é recorrente no esporte brasileiro. Desde clubes menores, que adoram fazer graça de si mesmo, até às grandes marcas do futebol nacional, que por vezes usam suas redes sociais para gerar as polêmicas mais desnecessárias possíveis.
O fato é que dirigentes se confundem porque o resultado de uma ampla exposição é imediato. No fim do ano, o Boa poderia juntar a repercussão da contratação de Bruno nos grandes veículos e somar o vasto retorno de mídia que seus patrocinadores teriam com a suposta ação de marketing.
Por outro lado, construção de marca é algo que demanda tempo. Esse processo exige uma definição de valores que devem ser associadas ao clube, em um investimento de longo prazo. Isso passa desde conduta de profissionais até a associação de parceiros que dividam os mesmos ideais.
O fracasso da iniciativa pode ser uma ótima oportunidade de o Boa e os seus patrocinadores repensarem como eles querem ser vistos nacionalmente durante a Série B deste ano.