Volta da França quer recriar competição feminina

 

A Volta da França, principal prova de estrada do ciclismo, quer recriar sua versão feminina. Para isso, Jean-Etienne Amaury, da ASO (Amaury Sport Organization), que controla o evento desde 1947, está atrás de patrocínio capaz de garantir a competição em 2015. As multinacionais norte-americanas, Nike e AT&T, são as principais interessadas até o momento.

Ao contrário do evento masculino, iniciado em 1903 e que já teve 101 edições, a estratégia para as mulheres é oferecer contratos mais curtos, atraindo menos patrocinadores, mas que sejam capazes de cobrir os custos com evento e premiação.

A versão feminina seria mais curta, com uma semana de duração, mas passando pelo mesmo percurso do masculino. A disputa entre os homens tem duração de 23 dias, com dois de descanso.

A ASO organizou a Volta da França feminina de 1984 a 1989. Segundo Amaury, o evento foi descontinuado porque não atraiu torcedores e mídia.  A última edição da prova aconteceu em 2009. Mas a grave crise econômica, que assolou o mundo a partir de setembro de 2008, e a falta de patrocínios consistentes fizeram a organização desistir de novo do evento.

As mulheres retornaram à competição em 2014. No ano passado, uma reivindicação das ciclistas, lideradas pela holandesa Marianne Vos, campeã olímpica de estrada, fez a ASO organizar a Corrida da Volta da França. A prova teve duração de um dia, e foi vencida pela própria Vos.

A disputa inaugural foi transmitida pela Universal Sports nos Estados Unidos. O evento teve um retorno “tremendo”, , segundo Robert James, vice-presidente de conteúdo da Universal Sports, que não divulgou o índice de audiência. Ainda mais se pensarmos na ressaca com o ciclismo nos Estados Unidos, após a confissão de doping do norte-americano Lance Armstrong, que foi destituído de sete títulos da Volta da França.

Especializada em componentes para biciclleta, a Morgan Hill, empresa da Califórnia, patrocinou uma prova de um dia entre mulheres.

“Faz mais sentido [ter uma companhia norte-americana como patrocinadora]. Há uma audiência muito grande nos Estados Unidos”, afirmou Amaury, em entrevista à agência Bloomberg.

Os principais patrocinadores da versão masculina são empresas da França, como a Orange (telefonia), Accor (hotéis) e Carrefour (supermercados). A ASO também organiza o rali Dacar e a Maratona de Paris. Na última edição da Volta da França, a organizadora arrecadou 36,1 milhões de euros (R$ 110 milhões), um aumento de 8% em relação a 2013.

Caso optasse por uma prova mais longa no feminino, a ASO teria mais custos com montagem de sinalização e painéis de patrocínio ao longo dos 3.200 km de percurso. Mais custoso ainda seriam os custos com a transmissão. A RCS Sport e a italiana RAI gastaram mais de 6 milhões de euros para mostrar o Giro da Itália, prova com duração de três semanas. No caso da Volta da França, essa despesa é coberta pela France Television.

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