Com impulso da Vulcabras, Mizuno cresce no running e quer virar multicategoria no Brasil

Mizuno passou a ser gerida pela Vulcabras no mercado brasileiro em fevereiro de 2021 - Divulgação / Mizuno

A Mizuno apresentou, na última quinta-feira (27), em um evento no Centro de Práticas Esportivas da Universidade de São Paulo (Cepeusp), em São Paulo (SP), o Kakizome Pack, linha de running inspirada na tradicional cerimônia japonesa de mesmo nome, em que os participantes escrevem suas resoluções de Ano Novo por meio da caligrafia.

Incorporado ao design, está a escrita em japonês que traz a mensagem de “Personal Best” (“Recorde Pessoal”, em português). A linha conta com os três modelos do segmento de velocidade da marca, o Wave Rebellion Pro, o Wave Rebellion Flash e o Wave Rebellion Sonic.

Batizado de “RP Day”, o evento foi fechado para jornalistas, influenciadores e convidados, com direito a testes dos tênis na pista de atletismo do Cepeusp e tentativas de recordes pessoais na distância de 3km.

Kakizome Pack é uma linha de running inspirada na tradicional cerimônia japonesa de mesmo nome – Divulgação / Mizuno

A Máquina do Esporte esteve presente no evento e conversou com Rogério Barenco, gerente geral da Mizuno no Brasil. No bate-papo, o executivo celebrou a retomada dos investimentos da marca japonesa no running dentro do mercado brasileiro, que vem acontecendo paulatinamente desde o segundo semestre de 2021, com o lançamento do Wave Rebellion, ganhou corpo em 2022 e terá ainda mais força em 2023.

“A gente sempre brinca internamente que reconquistar o corredor é uma maratona. É uma estratégia de longo prazo que, às vezes, dentro da empresa, é um desafio você manter porque requer tempo. Mas a gente está vendo que, na prática, é uma construção que realmente vai demorar bastante porque depende muito de inovação e de investimento em marketing”, afirmou Barenco.

“Comprar um tênis esportivo não é como comprar um sabão em pó, que você tem que estar ali todo mês no mercado. Tênis esportivo você compra um hoje, às vezes vai comprar outro só daqui um ano. Então, às vezes eu fiz uma coisa legal de marketing hoje, mas o cara não está no momento dele de comprar. Nosso desafio é colocar uma sementinha na cabeça dele de que a Mizuno é legal, mas, ainda assim, quando ele vai na loja, o vendedor oferece cinco outras marcas para ele. É um desafio bastante grande, e temos consciência de que é de longo prazo”, acrescentou.

Melhor ano financeiro

Mesmo com a reconstrução no segmento de running sendo pensada para o longo prazo, a marca já conseguiu seu melhor ano financeiro na história dentro do mercado brasileiro em 2022 (a Vulcabras, que também é gestora da Olympikus e ainda da Under Armour no Brasil, celebrou seu melhor ano em 2022, de acordo com os números divulgados no início do último mês de março). Isso pode até parecer contraditório, mas há duas explicações, segundo o gerente geral. A primeira delas é a força que a Mizuno vem ganhando fora do universo da alta performance.

“Hoje, a gente tem uma vantagem que é o negócio de caminhada e corrida leve, que é a base da pirâmide, de tênis de R$ 300, R$ 400, indo muito bem. Isso, de alguma forma, financia também esse tempo que a gente precisa para alcançar aqueles corredores lá do topo da pirâmide, os que vão comprar os tênis de performance, que custam muito mais caro. Alguns concorrentes nossos não têm esse olhar para a base da pirâmide”, destacou Barenco.

Rogério Barenco é o gerente geral da marca japonesa no Brasil – Divulgação / Mizuno

Vulcabras

A segunda é a Vulcabras. A Mizuno passou a fazer parte do portfólio da empresa no mercado brasileiro em fevereiro de 2021. Ou seja, 2022 foi o primeiro ano inteiro da marca japonesa nas mãos da companhia brasileira por aqui. E isso foi essencial para que se alcançassem resultados financeiros considerados tão satisfatórios.

“O que levou ao melhor ano da Mizuno no Brasil foi o fato de ter ido para a Vulcabras. O motor de crescimento da Mizuno no ano passado foi o desenvolvimento de novos produtos da base da pirâmide feitos no Brasil por conta de ter passado a fazer parte da Vulcabras. Porque a Vulcabras tem um centro de desenvolvimento superavançado, uma fábrica supermoderna, coisas que a gente não tinha acesso antes”, enfatizou Barenco.

“Hoje, a nossa oferta nacional de calçados é ampla, começa em tênis de R$ 300 e vai até tênis de R$ 1.000, como o Wave Infinity. Conseguimos trazer tecnologias e inovações para os nossos tênis feitos aqui que antes não conseguíamos, e até em termos de distribuição melhorou bastante. Tudo isso tem feito muita diferença”, completou o executivo.

Atletas, assessorias e provas

No “RP Day”, a Mizuno aproveitou para anunciar um time de atletas patrocinados, com Bruna Astolf, Miguel Hidalgo, Reinaldo Colucci e José Belarmino, além de duas assessorias de corrida, Lobo Assessoria e Santi Treinos.

Com o tempo, a ideia é aumentar esse número, tanto de atletas como de equipes, e passar até a pensar em patrocínio a provas, inclusive com a possibilidade de uma corrida proprietária em algum momento. Fora do Brasil, a Mizuno é a marca esportiva oficial da Maratona de Amsterdã (Holanda), de Osaka (Japão) e da Midnight Sun Marathon, a Maratona do Sol da Meia-Noite, que é realizada em Tromso (Noruega). Por aqui, ao menos por enquanto, há patrocínios pontuais a provas um pouco menores, como o circuito de corridas de trilha Indomit Ultratrail e também a Insane Runners.

“À medida que o negócio vai crescendo e gerando mais verba de marketing, a gente começa a ampliar as possibilidades. Hoje, uma parte vai para o trade marketing, aquele da loja, para o tênis da Mizuno estar bem exposto na vitrine, o vendedor bem treinado. Quando a verba aumenta, consigo fazer isso em mais lojas e também consigo investir mais em mídia, para a marca aparecer mais em propagandas, impulsionar em mídias sociais. E aí, também aumenta o dinheiro para o sports marketing, que engloba assessorias, atletas e provas, o que gera credibilidade, sem contar as experiências, como o REX [Running Experience, espaço criado pela marca na USP em outubro do ano passado para se aproximar dos corredores]. Tudo isso crescerá com o tempo”, afirmou Barenco.

Convidados do evento puderam testar os tênis na pista na tentativa de bater recordes pessoais na distância de 3km – Divulgação / Mizuno

Outros esportes

Por fim, o executivo ainda revelou que a Mizuno quer, com o tempo, implementar no Brasil o conceito de multicategoria que possui no Japão. No país asiático, a marca é conhecida pela força que tem em modalidades como beisebol, golfe, judô, tênis e vôlei. No mercado brasileiro, o pontapé inicial dessa estratégia já foi dado.

“Se você entrar no site da Mizuno no Brasil hoje, já encontra chuteiras de futebol, produtos da linha casual, chamada de sportstyle, e calçados para prática de tênis e de vôlei. Para o segundo semestre, também traremos o judô”, comentou.

“Mas não é só trazer produtos. Temos que ter uma estratégia. E aqui no Brasil, no futebol, que é uma grande vitrine para qualquer marca esportiva no país, teremos uma estratégia muito parecida com o que deu certo no running. Já trazemos a linha importada, que é mais cara, mas vamos começar a produzir por aqui, já no final do segundo trimestre, para lançar no segundo semestre, a Morelia Club, que a gente fala que é a melhor chuteira do mundo”, finalizou o executivo.

Sair da versão mobile