A Maratona Internacional de Porto Alegre 2023 foi disputada neste fim de semana, com provas no sábado (3) e no domingo (4). Foi a primeira vez que o evento foi dividido em dois dias, com a menor distância (7km) e a meia-maratona (21km) sendo disputadas no primeiro dia, e o evento principal, a maratona (42km), sendo realizada no segundo. Os mais corajosos ainda tiveram a possibilidade de realizar o “Desafio”, ou seja, correr 21km no sábado e 42km no domingo, totalizando 63km nos dois dias.
Um dos “culpados” para a divisão é o número de participantes que a prova alcançou. No total, somando as três distâncias oferecidas, foram mais de 16 mil atletas de 16 países, ratificando o status de segunda maior do país. Ou seja, surgiu a necessidade de diluir os participantes em dois dias. Por outro lado, também houve uma inspiração em uma das provas mais icônicas do mundo e também no maior exemplo brasileiro.
“Sempre fui um grande admirador da Maratona da Disney, que sempre fez esses desafios, com a prova começando na quinta-feira, e a galera vai fazendo e se divertindo [na prova americana, são 5km na quinta-feira; 10km na sexta-feira; 21km no sábado; e 42km no domingo, um total de 78km]. Mas, claro, o Rio de Janeiro, que talvez tenha vindo da ideia da Disney também, criou o Desafio, que também está fazendo um grande sucesso no Brasil inteiro. Temos que nos espelhar nos melhores”, comentou Paulo Stone, diretor técnico da Maratona Internacional de Porto Alegre.
A inspiração na Maratona do Rio não é à toa. A prova carioca é, atualmente, o maior festival de corridas de rua da América Latina, com as mesmas distâncias oferecidas na Maratona da Disney (5km, 10km, 21km e 42km), além do “Desafio da Cidade Maravilhosa”. Coincidentemente, inclusive, as duas são bem próximas, já que o evento no Rio de Janeiro será realizado no próximo fim de semana, com provas no sábado (10) e no domingo (11).
Atrações “dentro” e “fora” do asfalto
Já há muitos anos a prova gaúcha é conhecida, no meio dos atletas, amadores ou profissionais, como uma grande possibilidade de bater tempos pessoais. Isso porque se trata de uma prova plana e com uma temperatura bastante amena, fatores que favorecem a queda dos tempos.
No entanto, de alguns anos para cá, as atrações da prova deixaram de ser apenas “dentro” do asfalto. Com a orla do Guaíba totalmente revitalizada e a criação de diversos locais pra prática de esportes, além de restaurantes, passeios de barco e jet-ski, Porto Alegre vem recebendo milhares de turistas a mais em qualquer época do ano, o que acabou se tornando um grande chamariz “fora” do asfalto para os atletas, que veem no evento uma oportunidade de passar um fim de semana diferente, em um lugar com ampla infraestrutura turística, assim como é o caso do Rio de Janeiro já há bastante tempo.
Tanto no sábado (3) como no domingo (4), diversos locais próximos aos percursos das provas tiveram bastante movimento, o que gerou um agito na economia da cidade ao longo do fim de semana.
“A gente lota toda a rede hoteleira da cidade, tendo em vista que 70% dos atletas vêm de fora do estado do Rio Grande do Sul. Tem mais paulistas correndo a Maratona de Porto Alegre do que gaúchos. O que acho que ainda falta para que nos tornemos a mais concorrida e a com mais concluintes do país é a população abraçar mais a Maratona, os atletas terem desconto em restaurantes, no metrô, no ônibus no fim de semana do evento. São coisas que a gente vê lá fora e que, com certeza, a gente gostaria de trazer para cá. Gostaríamos que a comunidade porto-alegrense abraçasse a Maratona como um todo”, destacou Paulo Stone.
Nova marca esportiva oficial
Em 2023, o evento contou com os patrocínios de Unimed (apresentadora), Sulgás, GOL, Master Hotéis e Olympikus, além de alguns apoiadores. No caso da Olympikus, foi a primeira edição como marca esportiva oficial da prova. No ano passado, a estreia foi como apoiadora, mas o status cresceu para este ano. A marca possui forte ligação com o Rio Grande do Sul, uma vez que conta com uma fábrica em Parobé, cidade que fica a cerca de 85km de Porto Alegre.
“A gente entende que, como marca esportiva, a gente precisa trabalhar para desenvolver o esporte. E a prova de Porto Alegre é uma prova que tem um enorme potencial, é uma prova muito querida no Brasil inteiro por ser uma prova muito rápida, com circuito plano e um clima mais ameno. A ideia de a gente conseguir construir uma prova que seja icônica para a cidade nos motivou a fechar o patrocínio. Queremos entender como podemos contribuir para deixar o evento cada vez melhor”, afirmou Márcio Callage, diretor de marketing da Olympikus.
A marca vem investindo pesado no segmento de running nos últimos anos, especialmente com a criação da Família Corre, uma linha de tênis de corrida com uma qualidade acima de tudo que já havia sido feito em toda a história da Olympikus no mercado nacional. Além disso, ainda há os patrocínios às Maratonas de Porto Alegre e São Paulo, segunda e terceira mais importantes do país. Mas, enquanto os tênis terão suas novas versões sendo produzidas ao longo dos próximos anos, a intenção, em relação às provas, é focar em melhorar as que já fazem parte do portfólio.
“O olhar ainda é orgânico, ou seja, o que a gente pode fazer por São Paulo e Porto Alegre para tornar as provas melhores. Se surgir uma oportunidade, poderemos avaliar, mas o calendário, do ponto de vista da nossa capacidade de contribuir para o desenvolvimento das provas, é complicado, uma vez que, no primeiro semestre, temos São Paulo e Porto Alegre, e, no segundo, temos as duas edições do Bota Pra Correr [neste ano, serão na Costa do Conde (PB), em setembro, e no Vale dos Vinhedos (RS), em novembro]. Não queremos simplesmente colocar nosso logotipo na prova, o que buscamos é nos envolvermos profundamente com elas, o que seria difícil de fazer com mais alguma no nosso calendário”, finalizou o executivo.
*O jornalista viajou a convite da Olympikus