2014 centraliza poder com a CBF

Nos últimos 20 dias, o futebol brasileiro conviveu com uma frenética guerra de bastidores. Desde que Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), deu aos estados a incumbência de preparar o caderno de encargos para o Brasil receber a Copa de 2014, uma batalha política transformou o cenário do principal esporte nacional. Brigas entre clubes, federações e cidades fizeram com que o bastidor do futebol fosse tomado lobby político. Neste dia 31, a CBF recebeu as últimas propostas das cidades que querem se candidatar a receber um projeto para a Copa do Mundo. A entidade, agora, vai analisar nos próximos dois meses as propostas para então entregar à Fifa o caderno de encargos do Brasil. Esse prazo fará com que a CBF fique no centro das atenções das agendas de prefeitos e governadores, ansiosos para terem suas cidades e estados escolhidos na lista final do “vestibular” para 2014. “A CBF fez a sua parte. Agora cabe a vocês atenderem dentro do prazo os pré-requisitos que foram apresentados pela Fifa”, afirmou Ricardo Teixeira no último dia 9, durante seminário técnico sobre o Mundial. Desde então, a CBF concentra o poder de decisão sobre quais planos serão aceitos para a Copa. O maior problema, porém, é que apesar de toda a disputa nos bastidores, essa lista final que será entregue dia 31 de julho à Fifa não é, necessariamente, a definitiva. A informação é da assessoria de imprensa da CBF. Segundo Rodrigo Paiva, coordenador do departamento, o objetivo da entidade é que, a partir da escolha da Fifa, não haja nenhuma mudança em relação às propostas apresentadas. “A não ser que haja alguma grande proposta, diferente de tudo e que possa ser executada, valerá o que será entregue no dia 31”, afirmou Paiva à Máquina do Esporte. E é exatamente nessa brecha para mudanças que reside a maior chance de manobra política em relação às escolhas das sedes do Brasil para a Copa. Só para se ter uma idéia do que está por vir, São Paulo, estado economicamente mais forte do país, já entregou quatro propostas diferentes para a entidade. A única com a chancela do governo prevê que o estádio a ser usado seja o Morumbi, que seria reformado. Além delas, Jundiaí e Barueri, cidades próximas à capital, entregaram cada uma a sua proposta, sendo que Barueri já tem um estádio construído. Na última hora, porém, um novo projeto chegou às mãos da CBF: mais um referente à capital, desta vez de autoria da Federação Paulista de Futebol (FPF), com a construção de uma arena para 70 mil pessoas na região central da cidade, contribuindo para o projeto de revitalização da área. Até agora, apenas dois estados que têm grandes chances de abrigarem a Copa não apresentam briga política para escolha de local dos jogos. São o Rio de Janeiro, que escolheu usar o Maracanã, e Santa Catarina, cujo projeto do Figueirense, em Florianópolis, dificilmente encontrará resistências, além de contar com o apoio da própria CBF. Nos outros estados, muitas brigas têm ocorrido. Em Porto Alegre, o Beira-Rio foi apontado como principal alternativa, desde que esteja reformado até 2014. Mas o projeto do Novo Olímpico aparece como seu concorrente dentro da própria candidatura gaúcha. No Paraná, a Kyocera Arena obteve o aval das esferas públicas para que fosse incluída como única sede dos jogos no estado. Isso, porém, só foi acontecer após uma semana de disputa com a Federação Paranaense, que previa a construção de um novo estádio, de mais de R$ 600 milhões. No final, apenas o projeto com a Kyocera Arena foi apresentado. Na Bahia, a decisão foi pela construção de uma nova arena em Salvador. O local em que será o estádio, porém, coloca Bahia e Vitória em rota de colisão. Até mesmo em Minas Gerais existia discussões sobre a necessidade de construir um novo estádio ou de reformar o Mineirão.

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