Você é responsável pela administração financeira de um clube de futebol que tem R$ 96,3 milhões em dívidas. Quando está prestes a fechar o planejamento para o ano seguinte, fica sabendo que sua equipe contratou o atacante Ronaldo, maior artilheiro da história das Copas do Mundo e uma das marcas mais valiosas do esporte mundial. Motivo suficiente para incluí-lo em um plano para amortização dos débitos? Não no Corinthians. O time paulista estuda estratégias para reduzir o montante de seu rombo financeiro a partir da próxima temporada, mas não pretende contar com a presença do jogador para isso. ?De toda a dívida, pretendemos amortizar de R$ 20 milhões a R$ 22 milhões em 2009. Esse já era um planejamento que pensávamos antes do Ronaldo, e seguiremos com a mesma coisa depois de fechar com ele. Precisamos ser comedidos nisso?, explicou Raul Corrêa e Silva, diretor financeiro do clube alvinegro. A principal aposta da diretoria para diminuir o montante da dívida é uma seqüência dos resultados financeiros positivos obtidos em 2008. O Corinthians fechou a temporada com superávit de R$ 13 milhões, enquanto o ano anterior havia apresentado R$ 23,2 milhões de déficit. ?É claro que a presença do Ronaldo pode mudar radicalmente o cenário, mas a nossa tarefa é preparar o clube para o pior cenário possível. Queremos diminuir essa parte da dívida sem contar com o impacto que a presença dele pode causar?, confirmou Corrêa e Silva. Enquanto o diretor acompanhava a apresentação do jogador, no Parque São Jorge, três funcionários de seu departamento trabalhavam sobre o planejamento para 2009. O problema é que o balanço financeiro final do Corinthians em 2008 apresenta um crescimento superior a R$ 3 milhões na dívida durante o último triênio. E os empréstimos, que estavam na casa dos R$ 36 milhões, chegaram a R$ 44 milhões. ?Quando fazemos empréstimos, nosso pensamento é prolongar um parcelar um pagamento. Temos dívidas urgentes, que precisam ser resolvidas. Pegamos dinheiro para aquele momento, mas negociamos um pagamento em longo prazo?, defendeu-se o diretor financeiro do clube. Excluído do planejamento, o lucro que o Corinthians pretende ter com a presença de Ronaldo só tem certeza sobre seu destino. A atual direção trabalha com três centros de custo individualizados, e todos precisam se sustentar. Da mesma forma, o dinheiro gerado pelo futebol fica restrito ao futebol, sem ligação com os esportes aquáticos e terrestres ou com a parte social.
Ante dívida, clube não aposta em Ronaldo
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