A final in loco da Copa Sul-Americana será privilégio de torcedores do Estudiantes, da Argentina, e de sócios do Internacional. O clube gaúcho esgotou os ingressos com esse público, e deixará, pela primeira vez, o torcedor comum fora do Beira-Rio, reforçando a estratégia de aposta no seu quadro associativo. A logística foi a mesma de todos os jogos. Com 78 mil sócios, o Inter é obrigado a destinar 40 mil ingressos para uma modalidade de filiados que tem o direito à gratuidade. Como o estádio comporta apenas 55 mil pessoas, restam apenas 15 mil para as bilheterias, e os outros 38 mil têm preferência na compra. Essa foi apenas a segunda vez que isso aconteceu desde que o quadro associativo passou a ser prioridade no planejamento do clube – a primeira havia sido na final do Campeonato Gaúcho deste ano, mas sem a ocupação máxima de sócios. Para Jorge Avancini, vice-presidente de marketing do Inter, uma barreira cultural ainda precisa ser superada até que essa exceção vire regra. ?O torcedor brasileiro tem de mudar a sua mentalidade. O futebol é um espetáculo. Porque os ingressos para os shows da Madonna são vendidos seis meses antes??, disse o dirigente, em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte. O modelo, por si só, gera ressalvas. De acordo com Amir Somoggi, sócio da Casual Auditores Independentes, a ligação direta com uma fatia importante da torcida e a criação de uma nova renda significativa são louváveis, mas ainda falta ao Inter um trabalho de ?independência?. ?O Inter dá um passo adiante quando ele cria um grupo com quem ele se relaciona de maneira mais próxima. A média do Brasileiro mostra que ele não fez isso de um jeito europeu. O torcedor apóia o Inter pelo resultado, e não pela relação que ele tem com o clube. Uma média de 18 mil por jogo para um clube que tem 78 mil sócios é muito pouco?, disse o especialista. Os números comprovam Somoggi. Com pouco mais de 18,6 mil torcedores por jogo, o Internacional é apenas o sétimo no quesito entre os participantes da competição, atrás de times como Coritiba (19,2 mil) e Sport (22 mil) e até do rival Grêmio (31 mil). Os gaúchos não reclamam, no entanto, quando o assunto é faturamento. Neste ranking, o Inter cai para a nona colocação, com R$ 264 mil por jogo, atrás, por exemplo, do Palmeiras, turbinado pelo setor Visa, que recebeu R$ 470 mil por partida. Apesar de não ser exemplo de arrecadação com bilheteria, o clube se escora no valor superior mensal que recebe dos sócios para avalizar sua aposta. ?Isso garante ao clube uma receita interessante, com o jogo sendo bom ou ruim. Hoje nossa renda com sócios só perde, em termos de import”ncia, para os direitos de televisão?, disse o dirigente do Internacional, que recebeu cerca de R$ 20 milhões de seu quadro associativo no último ano.
Beira-Rio só terá sócios na Sul-Americana
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