Brasil pode crescer R$ 1 bi no futebol

Na última década, o futebol brasileiro foi marcado pelo êxodo de suas grandes revelações para o exterior. Nomes como Kaká, Robinho e Ronaldinho deixaram os gramados nacionais para acumular fama e fortuna na Europa. A saída massiva dos jogadores é apontada pelos dirigentes como a principal causa da disparidade mercadológica que separa a realidade do país da observada no Velho Continente. A justificativa é convincente, mas requer uma análise mais ampla, segundo Amir Somoggi, responsável pelo setor de novos negócios da Casual Auditores. Levantamento feito pela empresa mostrou que o futebol do país possui um potencial de crescimento estimado em R$ 1,2 bilhão nesse setor. “Esse é um campo totalmente inexplorado. Os dirigentes daqui pensam em mudar a lei, reclamam que a moeda brasileira é fraca, que o mercado consumidor é pobre, entre outras coisas. Essa análise é equivocada, visto que o país lidera alguns mercados como o de telefonia, televisão ou de carros, por exemplo. Tão importante como segurar o jogador é mudar essa visão cética dos clubes”, afirma o especialista em marketing e gestão de clubes de futebol. “A premissa é a seguinte: os jogadores têm que ficar não simplesmente porque agregam valores ao time dentro de campo, mas sim porque a lógica e o mecanismo do negócio futebol giram em torno disso”, completa. Para Somoggi, a solução passa obrigatoriamente pelo desenvolvimento econômico das entidades esportivas por meio de projetos de marketing, centrados na criação de uma demanda doméstica pelas marcas dos clubes. “Não há o entendimento do futebol como um veículo de comunicação dos patrocinadores. Falta a visão do que é a relação entre clube, patrocinador e consumidor. A utilização de carnês de sócios, por exemplo, é um dos principais itens de sucesso fora do Brasil, mas aqui não engrena? explica o executivo. ?É um potencial de negócios tremendo, vai muito além da venda antecipada do estádio. O clube tem a possibilidade de trabalhar com CRM [Customer Relationship Management] exclusivo, ter contato direto com os torcedores e oferecer novas opções de consumo”, diz Somoggi. Ainda de acordo com o estudo da Casual, a mudança de posicionamento acarretaria na manutenção dos atletas em solo brasileiro e, conseqüentemente, na construção de um circulo virtuoso de geração de receitas. Dessa forma, o Brasil passaria de exportador de matéria-prima para consumidor. “Na Copa de 2002, os índices de audiência chegavam a registrar 80% de share. Isso representa um contingente de mais de 150 milhões de pessoas inseridas no contexto do futebol. É muita gente. É preciso pensar nesse público em termos de marketing, saber onde está esse consumidor, o que fazer para atingi-lo e o que oferecer para ele”, destaca Somoggi. Além da utilização efetiva dos estádios como fontes de renda, que poderia gerar R$ 300 milhões ao futebol brasileiro, Somoggi ressalta a formatação de novas mídias como um poderoso gerador de recursos. Segundo ele, esse nicho pouco explorado poderia render outros R$ 250 milhões aos clubes. O exemplo, mais uma vez, vem da Europa. ?Lá os clubes chegam a ganhar de quatro a cinco milhões de euros com TV, rádio e jogos pela internet, que são plataformas dos times. Os brasileiros deveriam sentar com os proprietários desses direitos e negociar para poder explorar comercialmente esses segmentos?, finaliza o diretor da Casual Auditores.

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