As suspeitas de doping sobre a atleta Rebeca Gusmão, um dos destaques do Brasil nos últimos Jogos Pan-Americanos, e todo o imbróglio que envolve o caso devem atrapalhar os rumos da natação brasileira. A constatação é de Coaracy Nunes Filho, presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA). “Atrapalhar é claro que atrapalha, mas também não é o fim do mundo. É lamentável toda essa situação e nós sentimos profundamente, pois contávamos com ela para as Olimpíadas. Ela seria finalista olímpica, mas isso não é o fim do mundo”, afirmou o presidente da CBDA à Máquina do Esporte. O temor do dirigente se resume à parte técnica do esporte. Segundo ele, mesmo com a possibilidade de um novo doping de uma atleta de ponta, os acordos financeiros que a CBDA mantém, principalmente com os Correios, que atualmente paga mais de R$ 8 milhões por ano para ser o grande patrocinador da modalidade, serão mantidos. “O nosso patrocinador [Correios] já me ligou, deu todo o apoio e garantiu que continuará apostando na natação brasileira”, explicou Coaracy. Mesma sorte, porém, não deve ter a nadadora. Caso o seu doping seja confirmado, a atleta poderá pegar uma suspensão de dois anos. Longe das piscinas, Rebeca Gusmão perderá automaticamente o auxílio que a CBDA concedia. “Eu não posso pagar um contrato de patrocínio se ela não está nadando oficialmente. Isso acontece para ela ou para qualquer um. Ela pára de nadar e eu paro de pagar”, disparou o dirigente, que nega inclusive qualquer auxílio, mesmo que não seja financeiro, à atleta, caso aconteça a condenação: “Não temos que dar suporte nenhum. Nosso relacionamento é com as atletas que competem. Se ela não compete, ela nem é atleta”. Paralelamente, as investigações continuam em torno do caso Rebeca Gusmão. A Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Saúde Pública, no Rio de Janeiro, deverá ouvir a atleta na próxima semana. Além dela, poderão depor a médica Renata Castro, que pediu demissão da CBDA após o esc”ndalo. Responsável pelos exames antidoping no Pan e substituto interino de Renata Castro no departamento médico da CBDA, Eduardo de Rose também deve ser chamado a prestar esclarecimentos, assim como o presidente da entidade, que se diz tranqüilo com o fato. “Caso eu seja convocado [a depor] irei com o maior prazer. Eu acredito que esse caso deva ser investigado até as últimas conseqüências para descobrir possíveis culpados”, diz Coaracy. A polêmica em torno do doping de Rebeca Gusmão começou na última quinta-feira, após a CBDA emitir um comunicado informando que dois dos quatro testes da atleta apresentavam sinais de manipulação da urina colhida. Segundo a entidade, foram identificados dois DNAs diferentes no mesmo frasco, o que comprova a presença de duas amostras distintas no mesmo recipiente. Suspeitas apontam para falhas no processo de colhimento das amostras. Voluntária nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, Adriana Salazar era a responsável por acompanhar Rebeca Gusmão para a realização do teste antidoping. Porém, em entrevista à TV Globo, afirmou que foi impedida de entrar no recinto, sob a alegação de que haveria muitos atletas no local e que dois escoltas já estavam presentes.
Caso Rebeca atrapalha natação, diz CBDA
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