COB rebate clubes antes de Conselho

Os oito principais clubes formadores de atletas do Brasil estão preparando os últimos detalhes para o lançamento do seu Conselho, que vai reivindicar abertamente parte dos recursos da lei Agnelo-Piva. O evento acontecerá somente nesta terça-feira, na sede do Pinheiros, mas já gerou respostas ácidas do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) principal beneficiado pelos recursos da verba federal. Em nota oficial, a entidade ?explicou? o destino do aporte, que teria chegado a cerca de R$ 259,4 milhões no ciclo olímpico passado. A justificativa do COB se baseia em uma ligação indireta e questionável. Segundo a associação, os clubes seriam beneficiados pela contratação de técnicos estrangeiros, comissões multidisciplinares, aquisição de aparelhos importados, manutenção de centros de treinamento, interc”mbios e viabilização de participações em competições nacionais e internacionais. Todas, no entanto, feitas pelas respectivas confederações. Segundo a nota do COB, todas as benesses listadas seriam traduzidas em benefícios para os clubes, que também se qualificariam para aquisição de novos patrocínios. A argumentação das agremiações, porém, continua sendo válida. Flamengo, Corinthians, Fluminense, Vasco, Pinheiros, Minas Tênis, Sogipa e Grêmio Náutico União, que compõem o Conselho, entendem que tudo isso favorece apenas as seleções nacionais. Esses ?times? não expõem a marca dos clubes em praticamente nenhuma competição, o que não viabiliza a presença de investidores. No fim do documento, a entidade vai ainda mais longe. ?O COB diz que ?estimula que os clubes busquem recursos financeiros para manterem suas atividades esportivas de competição, mas ressalta a necessidade de se buscar os caminhos adequados para isso, como, por exemplo, recursos da Lei de Incentivo ao Esporte?, diz a nota. ?A Lei Agnelo/Piva é fundamental para o desenvolvimento do esporte olímpico brasileiro, mas ela não é suficiente, pois corresponde a apenas 1/3 das necessidades e menos de 1/10 do investimento em esportes olímpicos de outros países, como Austrália, Grã Bretanha, Alemanha, China…?, conclui o COB. A afirmação, porém, também é contestável. A comparação com grandes potências foi apresentada pela primeira vez em novembro de 2008, durante audiência na C”mara dos Deputados. Na ocasião, o COB mostrou um orçamento público de R$ 288 milhões (US$ 123,9 mi), que inclui apenas a verba da Lei Agnelo/Piva, contra US$ 1 bilhão (R$ 2,3 bi) de Grã-Bretanha e US$ 2 bilhões (R$ 4,6 bi) da China. O levantamento da entidade brasileira, porém, esquece de outras fontes de receita provenientes do Governo. Antes dos Jogos Olímpicos de Pequim, a Máquina do Esporte fez seu próprio ?desenho? das verbas públicas para a delegação, e chegou à marca de R$ 564,5 milhões somente para o COB. O número inclui, além da verba da Lei Agnelo/Piva, dinheiro do Bolsa Atleta (R$ 72,8 mi), o projeto aprovado na Lei de Incentivo ao Esporte (R$ 26 mi) e o projeto Brasil Campeão (R$ 206,2 mi, usados na preparação para o Pan de 2007). Se as verbas de patrocínios de estatais forem incluídas na conta, o valor total de investimentos públicos no último ciclo olímpico fica em torno de R$ 900. Petrobras (R$ 2,8 mi), Correios (R$ 30,5 mi), Infraero (R$ 2,4 mi), Eletrobrás (R$ 30 mi), Caixa (R$ 78,1 mi) e Banco do Brasil (R$ 209 mi) também apoiaram confederações e atletas.

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