Parceira do Comitê Olímpico Internacional (COI) há cerca de 50 anos, a União Européia de Emissoras de Televisão (EBU, em inglês) deve perder os direitos de transmissão dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014 e de Verão em 2016. Nesta quarta-feira, a entidade divulgou que sua proposta pelos dois eventos foi rejeitada pelo valor apresentado, colocando em xeque o futuro das transmissões em redes públicas. ?Nós estamos muito contrariados com a decisão do COI. Nós trabalhamos com eles desde 1956 trazendo a maior audiência possível. A gente percebeu que eles têm uma visão diferente sobre o futuro valor dos Jogos Olímpicos?, disse Fritz Pleitgen, presidente da EBU, em comunicado oficial. ?A EBU está surpresa com as elevadas expectativas financeiras do COI. A crise financeira mundial não vai parar na porta das televisões, ela também tem impacto no valor das transmissões dos grandes eventos esportivos. A nossa oferta reflete o máximo que as TV?s públicas podem pagar pelos direitos?, disse Jean-Paul Philippot, presidente eleito da EBU, que assume o cargo no próximo ano. Com 76 emissoras afiliadas em 56 países, a entidade pagou US$ 433, 4 milhões apenas pelos Jogos Olímpicos de Pequim, e mais US$ 746 milhões por Vancouver 2010 e Londres 2012. Desta vez, a EBU não revelou o valor enviado ao COI, que não comentou a situação. ?Nós tomamos nota das declarações, e vamos continuar trabalhando com eles para os próximos dois Jogos?, disse Thomas Bach, vice-presidente do COI e membro da comissão que negocia os direitos de transmissão para a Europa. ?O COI está conduzindo um processo justo de concorrência, dando a todas as partes interessadas ? uniões de emissoras, agências e negociações individuais ? a oportunidade de aquisição dos direitos?, disse Emmanuelle Moreau, porta-voz da entidade, abrindo a possibilidade de negociação separada com os membros da EBU. O resultado imediato do fim dessa parceria, que começou em 1956, é a exclusão de redes importantes no cenário mundial, como a BBC. A principal TV pública inglesa era uma das beneficiadas pela relação entre o COI e a EBU, que repassava o sinal aos seus afiliados. Para o esporte, o rompimento pode significar um enfraquecimento de vários esportes. Para completar o investimento no movimento olímpico, o ?sindicato? das emissoras mantém contratos com 17 confederações internacionais diversas, transmitindo uma série de eventos. Sem o principal ponto do pacote, os Jogos Olímpicos, a EBU pode modificar essa relação. Por outro lado, a saída da entidade da maior competição esportiva do mundo pode ser um momento importante para o futuro das negociações de direitos esportivos em todo o mundo. Historicamente favorecida pelo argumento de que pode levar as imagens a um número maior de pessoas, baseando-se no fato de ter muitas redes públicas entre suas afiliadas, a EBU pode ver o cenário mudar com a chegada da TV digital. Capacitada para abrigar um número maior de canais em seu dial, a novidade tecnológica deve ampliar a distribuição dos conteúdos de emissoras fechadas, como a BSkyB, na Inglaterra. Na avaliação de analistas ingleses, até 2016 a tendência é que o serviço já esteja disponível para a maior parte da população.
COI rejeita EBU e TV?s ficam em xeque
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