Os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro foram um grande sucesso desportivo. Essa é a única afirmação que os governos federal, estadual e municipal parecem dividir em relação ao evento que terminou no último domingo. No campo político, os ataques prometem ser intensos nos próximos dias. Até o início dos Jogos no Rio, as esferas públicas haviam feito uma espécie de “pacto de paz”, preferindo garantir a realização do evento em vez de, pelas brigas políticas, ruir o projeto de realização do Pan. O último a declarar abertamente sua intenção em criticar as outras esferas públicas foi o prefeito César Maia. Segundo ele, sua estratégia de defesa será justamente apontar erros dos outros governos. “Agora, a mídia e o Ministério Público virão na ofensiva para descobrir problemas. Temos que contra-atacar também, atacando os problemas do governo federal. Vamos usar contra eles os gastos federais, os gastos da Vila do Pan em Deodoro. A abertura de despesas, licitações. Se vierem, nós temos que ir, com a mesma fúria com que fomos atacados. Se vierem com armas, nós vamos com armas”, afirmou Maia. Uma das críticas partiu em direção ao ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., e a campanha, de certa forma organizada pela sua pasta, para transformar o Pan em um evento nacional. Desde o momento em que o governo federal foi chamado para injetar mais dinheiro e assegurar a construção de algumas arenas, como o Parque Aquático Maria Lenk, as críticas veladas começaram a aparecer. Nos bastidores, o governo fez de tudo para brecar a divulgação de ações da prefeitura carioca no Pan. “Em Jogos Olímpicos, o nome é o da cidade, não o do país. Em Copas do Mundo, realizadas em várias cidades, sim, é o país. Isso pega mal para eles [do governo], que tentaram fazer do Pan oposição”, disse o prefeito do Rio, que também insinuou que o estado foi omisso com o cumprimento dos seus compromissos relativos ao evento: ?O município ficou sozinho no Pan por dois anos. O governo federal entrou nos últimos meses. O governo estadual, nunca. As obras estaduais foram todas concluídas com verba federal?. A reação do prefeito do Rio de Janeiro partiu após as críticas tecidas pelo ministro do Esporte ao jogo político em que se transformaram os Jogos Pan-Americanos após o seu término e as ressalvas em relação ao grande sonho da cidade: as Olimpíadas de 2016. ?Houve [falhas] e é preciso ter menos vaidade. Não adianta ficar acusando ninguém, mas a fogueira de vaidades tem que acabar. É preciso fazer um balanço e redimensionar os Jogos. Como foi no Pan, não pode ser em 2016. Isso é certo?, disse Silva Jr. O ministro, porém, enfatizou em entrevista coletiva no último dia 28, ao fazer um balanço do Pan, as falhas na construção do local para as disputas de beisebol e softbol, localizado na Cidade do Rock. Erguido 100% com dinheiro municipal, o complexo transformou-se no grande mico do Pan, com problemas estruturais que causaram uma série de cancelamentos em realizações de partidas. “A nota dissonante do Pan foi as instalações do beisebol e do softbal. O problema foi o descaso com que foi preparada essa instalação”, disse.
Com fim do Pan, políticos se atacam
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